Entre Epitáfios

Caminhando entre epitáfios

Relembro velhos amigos

Amores que partiram

Histórias de parentes antigos

E todos esses personagens

Repousam em seus próprios jazigos.

Caminhando entre epitáfios

Lembranças e saudades afloram

O silêncio inunda a alma

Mas rompem-se o silêncio e choram

Com joelhos dobrados no solo

Muitos oram e consolo imploram.

Caminhando entre epitáfios

Vejo uma garota num canto

Sentada entre os sepulcros

Derrama impiedosamente seu pranto

A saudade da avó corroe-lhe o peito

Afago seus cabelos num gesto de acalanto.

Caminhando entre os epitáfios

Vejo frases bíblicas que ressoam

Frases que pregam o perdão

Pois a todos Deus perdoa

Frases de efeito de algum filósofo

E saudações que em todos entoam.

Caminhando entre os epitáfios

O silencio inunda a alma

Leio pausadamente em uma lápide

Pois o silêncio pede calma:

Em letras de pura arte

“Aqui jaz Maria da Palma”.

Caminhando entre epitáfios

Joelhos dobrados fazem oração

Suspiros que saem do âmago

Fazem doer o coração

Sigo sem interromper

Aceno com gesto de educação.

Caminhando entre epitáfios

Vejo alguns visitantes que estão sós

Em dia dos mortos em novembro

Pois preferem calar a voz

Seguem em silêncio sozinhos

Pensando “quem somos nós?”

Lendo tantos epitáfios

Passo entre as tumbas com cautela

Respeito o espaço daqueles

Que a eternidade sempre zela

Sigo o caminho sem perguntar

Quem ali é sentinela.

Maria da Ajuda Laranjeiras
Enviado por Maria da Ajuda Laranjeiras em 02/11/2023
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