CADEIA NÊLE!

Tem gente que, sendo rica,
Acha que tudo pode
E, muitas vezes, afirma
Ser da cidade o bode
Fala o que bem quer
E nem a poeira sacode

Pois não é que cara assim
Pensa que é maioral
Humilha quem é pequeno
É o manda-chuva local
E escolhe até Rei Momo
Na época do carnaval

É cheio de preconceitos
Só olha com indiferença
Sempre de cima p’ra baixo
Por ser rico de nascença
Seu carro é novo, do ano,
Gosta muito de aparência

Conheci um dessa espécie
Sujeito tolo e arrogante
Mauricinho do papai
Orgulhoso e petulante
E o infeliz protagonizou
Um caso bem interessante

De certa feita, num banco,
Onde seu dinheiro estava
Ele entrou todo apressado
Mas a fila não andava
E com a maior cara de pau
Tentou se a fila furava

Passou na frente de todos
Para ser logo atendido
Deixando pasmo e surpreso
Aquele povo reunido
E lograria seu intento
Se não fosse impedido

Uma senhora muito calma
Ali à espera também,
Disse que ele não podia
Passar à frente de ninguém
Era questão de direito,
Da democracia um bem

Do alto de seu orgulho,
Ele deu uma risadinha
Falando preconceituoso:
“Quem é você, negrinha,
P’ra me falar desse jeito?
Procure sua turminha!”

A mulher o olhou, séria,
Na emoção abalada
Dizendo:”você tá preso
Porque eu fui insultada
Vai agora p’ra cadeia
Pois eu sou um delegada”

“Você usou de preconceito
E vai pagar caro por isso
É preso inafiançável
Pelo crime de racismo,
Sai daqui algemado
Por causa do seu cinismo”

Veja só o que ele queria,
Esse racista infeliz
Falou palavras de insulto
Disse tudo que bem quis
E achou o chapéu da viagem
Quando arrebitou o nariz

O ricaço atrevido gemeu
Frases buscou gaguejar
Para limpar sua barra,
O tremendo fora ajeitar
Mas de nada adiantou
Pelo insulto ia pagar

À vista do povo sorrindo
Saiu todo humilhado
Com seu rosto contorcido
Mãos atrás, algemado,
Agora, pense num ricaço,
Vendo o sol nascer quadrado!

“Eu sou filho de fulano,
Ninguém pode me prender,
Quando meu pai souber
Você vai se arrepender!”
Ele ainda balbuciou
Tentando surpreender

Mas foi apenas balela
Tem gente que não aprende
E mesmo estando errada
Grita e não se arrepende
Achando que é influente
Mas para a Lei independe

Uma viatura lá fora
Às ordens da delegada
Levou o preconceituoso
Para uma cela quadrada
E nem seu paizinho rico
Adiantou mesmo de nada

Que isso sirva de lição
Para os tolos prepotentes
Racistas e fora-da-Lei,
Uns estúpidos doentes,
Que devem ir p’ra cadeia,
Os danados insolentes!
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 16/02/2008
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T862740
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