Menina Sereia

Menina Sereia

Que menina esquisita!

Menina arredia! Passa seu dia

Sem querer trabalhar!

Sua mãe lhe puxa a orelha, e ela a chorar:

“Lave as louças, menina esquisita, vou contar pro seu pai

Que você só quer saber das águas do mar.

Quando chega a hora,

Sua alma a cantar

pular corda, brinca, rodopia

E conversa com as águas do mar.

Lá dentro! Não é gente!

Tão feliz! Tanta destreza!

Que vira uma serpente...!

Mas, por que o dia só nasce pro lado de lá?!

Não clama ao céus, pois ela já está nas águas do mar.

É hora de ir

O céu a expulsou;

Volta pra casa

O tempo voou

Já é outro dia

Agora é menina mulher...

Mergulha nas águas e já sabe o que quer.

Não adianta, corre na veia,

Agora é “Sereia”, ela namora com as águas do mar.

Aparece um boto e vira um Príncipe

Conta uma estória para lhe conquistar,

Ela finge não saber, mas ela sabe das estórias

Todas as estórias das profundezas do mar.

O entrega ao Príncipe que acaricia seus seios,

Lambuza seu ventre, come seu fruto como os frutos do mar.

Ele some nas águas...!

E ela com seus sonhos molhados,

deixa no Sol, põe pra secar.

O Sol com o olho arregalado, estava cansado,

todo enciumado, já passava da hora

e seus olhos a piscar.

Novamente é hora de ir

Não é a mãe que manda;

É a fila que anda

Vai trabalhar...

Ah! Que Vida sem nexo!

Ter que vestir roupa, passar um batom,

Fazer comida e também fazer sexo!

Aqui seu coração bate fraco!

Seus olhos avermelhados...!

Seu corpo caquético...!

Seu corpo letárgico...!

Tudo é patético,

não é nada poético

como as águas do mar.

“Aqui a vida não nasci,

A vida só nasce do lado de lá!

Se um dia os anjos quiserem me buscar...

Por favor, joguem minhas cinzas com ajuda do vento

Nas águas do mar...

Nas águas do mar...

Nas águas do mar...

Nas águas do mar...”