AMOR, AMAR, AMORES

O Amor é a linda canção que embala,
É como onda violenta ou lua crescente,
É flor viva que encanta e exala
O doce perfume da paixão ardente
É sussurro constante em lento ofegar
Com beijos, carícias, afagos e sexo
Corpos em transe, furor, bem estar
Entrelace de braços, pernas, amplexo

O amor não é exigível ou implorado
Nem algo que se ganha com lágrimas
Mas agrado terno a ser conquistado
Delícia que vem e jorra em cascatas
Não amar é sofrer, é morrer, é calar
É estar solitário num rodamoinho
Viver não vivendo, existir sem estar
Num mundo tão cheio é ave sem ninho

Se não ama não vive, percebe-se no olhar,
Não ter um amor destoa o viver,
Morreu sem saber, só falta enterrar.
É pedra sozinha, não tem bem querer
Mas quem ama, que bom!, chora feliz
Canta embalado e esbanja alegria
Dança na chuva, é ator ou atriz
E se vê em seu rosto toda simpatia

Rouba flores aos montes sem hesitar
E oferece à amada cheio de prosa
Enamorado, extasiado, passa a cantar
Só quer saber de poesia, lua e rosa
O amante, olha só, ousa fazer poema
É claro!, o coração transborda de amor
Parece tão doido, loucura extrema
Ri à toa, declama, atrevido sonhador

Para alguns o amor é apenas ilusão
Bobagem total, insensatez, asneira
Não se iludam, pois em vindo a paixão
Amolecem e fazem qualquer bobeira
Com certeza fazem mesmo, pode crer
Já que o amor, na verdade, é um grande bem
Perguntem aos amantes se querem morrer
Ou sozinhos ficar e viver sem ninguém!

Como sofre, chora e anda casmurro
Aquele, coitado, sem qualquer carinho
Tem um ar magoado, anda soturno
Um sopro de tempo, sem nada, sozinho
Quão pobre é o homem calado e só
Do amor nada sabe, estranha criatura
Merece compaixão, condolências, dó
Nunca viu beleza, desconhece a ternura

Não ter um amor traz gosto amargo
Dói muito caminhar no mundo isolado
Sem mão sobre mão, sem beijo, afago
É vida sem graça, é andar enganado
Estar só - duvida?- magoa, maltrata
Falta algo essencial, não se tem vida
O sujeito entristece, se isola, se mata
Assume uma amarga existência sofrida

Deprime a todos o que jamais amou
Não ter sido beijado nem acariciado
Ó céus!, o gozo se foi e nunca chegou
Que melancolia , que dor, que enfado!
E como é o cara sem sentimento
Que pouco tocou um rosto sorrindo
É virgem de tudo, lateja tormento
Não ganha abraço nem mesmo dormindo?

Eu digo a vocês como é que ele fica
Pois é tão visível seu ar desolado
Parece doente com cheiro de arnica
Caricatura de gente, um mal acabado
É ranzinza, chato, macambúzio, sério
Ensimesmado, obtuso, cara feia, mudo
Caritó, tio velho, mala, jeito de Amélio
Isolado, calado, estranho e obtuso

O peso sobre ele é deveras opressor
A costa é corcunda, os ombros caídos
A testa franzida, a boca um horror
Os lábios descorados, os olhos sumidos
Não sorri, é grosseiro, tem jeito antipático
Reclama de tudo, não gosta de nada
Remói pensamentos, é velho e apático
O coração é gelado, a luz, apagada

Pescoço enterrado, passadas cansadas
As orelhas caídas, as faces sem graça
Os braços jogados, as mãos descoradas
Que vida terrível, que mala sem alça
E aqueles que amam qual a descrição?
Qual sua aparência, serão bons amantes?
Terão bom aspecto, qual sua ambição?
Primeiro que tudo: são bem elegantes

Só andam na moda e usam perfume
Combinam a roupa e parecem crianças
O rosto é alegre não têm um queixume
Se o amor é real já compram alianças
Por onde eles vão estão sempre sorrindo
Pensando na amada, em como ela é bela
Tristeza não existe, vai indo, sumindo
O rosto das outras só acham que é o dela

Não vêm o momento de o dia acabar
O olho é nas horas, a ânsia é canina
Só querem saber de o instante chegar
A noite surgir, cedo sair e ver sua mina
Fazem academia e muita caminhada
A mente é sadia, os corpos malhados
Desenvolvem os músculos e comem salada
Preferem viver sonhando acordados

Contentes por nada em todos momentos
O andar é bem firme e cadenciado
Olhar bem saliente, ouvidos atentos
O prazer bem se vê no rosto estampado
São bem humorados, folgazões, divertidos
Seu tempo é de festa, são muito animados
Cantarolam altaneiros e descontraídos
Quer saber por que? É que são amados!

Que grande diferença entre amor e solidão
Aquele é um dom, este enorme tristeza
Um se alastra, o outro prá dor tem razão
O outro é vendaval, mas o um é beleza
Melhor é amar, sorrir, ser simpático
Ganhar amizades, ser muito querido
Distribuir flores não ser sorumbático
Amar, ser amado, beijar, ser beijado

Então sê assim: faças o que queres
Flertar, paquerar, casar ou ficar
Ganhar as carícias de lindas mulheres
Que tal, não é bom?, vamos começar!
Começa num olhar, ou basta piscar
Deitar um sorriso, mostrar que a quer
Se ela quiser, não demore, vá lá
Declare-se, não perca um minuto sequer

Daí, se der certo, quem sabe nasceu
Romance, namoro, colorida amizade
Talvez renascendo um novo Romeu
Com linda Julieta em nossa cidade
Aí, vou dizer, vai ser grande estouro
Ainda que seja um secreto romance
O amor é tão lindo, talhado em ouro
Moldado em prata, esculpido em bronze

Amor, amar, ser amado, amores
Devaneio nas nuvens, jardins coloridos
Sentimento grandioso, ótimos sabores
Sonhar acordado, prazeres escondidos
Suspiros, gemidos, segredos, casais
Por doces palavras silêncios cortados
Na alcova os sussurros, no escuro os ais
Nos lábios os ósculos, os olhos fechados

Você nunca amou?, cara, é bom começar
Não vai querer ser um homem sozinho
Um ser cabisbaixo que vive a chorar
Porque é carente, sem dó, sem carinho
Procure correndo alguém para amar
Depois vai ser tarde, o tempo passou
Agora, rápido, adiante, não pode parar
Não faça o papel de quem nunca amou

Taí alinhavado só um pouco o amor
Há tanto a dizer pois ele é infinito
Conhece os vocábulos?, faça um favor
Poeme sobre ele, que é belo, bonito
Quem gosta de amar que faça poesia
Elabore seu texto tecendo as palavras
E rime os versos com graça e maestria
Legando ao mundo o amor de sua lavra
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 02/03/2008
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T884359
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