MEU PRIMO VALENTÃO - Parte II

Meu tio chamado Menino
Eu jamais soube a razão
Brigava com uma mão só
Riscava peixeira no chão
A ninguém ele temia
E nem era homenzarrão

Contudo o seu filho José
Ainda era mais valente
Lutava com mais de cinco
Não perdia nem um dente
Assim o tipo de pessoa
Que fixa os olhos na gente

Mas voltando ao meu pai
Naquela difícil situação
De ver a esposa indefesa
Aos pulos seu coração
Homem contemporizador
Assim, apelou para a emoção

“Meu caro senhor”, disse ele,
“Hoje nós dois casamos
E viemos assistir ao filme
Por este lugar optamos
Só fui ali fora e voltei
Ficar juntos desejamos”

Magro, baixo e franzino,
Um suave ar de bonachão
Meu pai despertava amor
Nunca, jamais, confusão
Foi homem de amizade
Tinha um grande coração

O grandalhão olhou para ele
Com jeito de zombaria
E falou bem entredentes:
“ora, ora, quem é que diria
Se fosse casado com ela
Jamais eu daqui sairia”

“Você saiu porque quis
E se saiu perdeu o lugar
Sai logo daqui, cara,
Que o filme vai começar
E depressa, bem depressa,
Já começo a me zangar!”

Já então, nesse momento,
Muita gente observava
Que algo ali acontecia
O falatório começava
E parecia coisa séria
A voz do cara ameaçava

Mamãe estava aflita
E só tentava apaziguar
Achava que seria melhor
Procurar outro lugar
Tinham vindo se divertir
Não vieram para brigar

Papai olhou a multidão
Pensando no que fazer
Todos olhavam p’ra ele
Ali, de pé, sem nem saber
Como, naquele instante,
Ele deveria proceder

Súbito, algo aconteceu
O cenário todo mudando
Um sujeito forte e grande
O povo todo empurrando
Ansioso e bem nervoso
Foi dali se aproximando

“Tem algo errado, meu tio?”
Gritou ele em chegando
Cara, era meu primo José!
Que meu a pai foi ombreando
E sua bem vinda visita
Foi logo tudo clareando


...continua
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 20/03/2008
Reeditado em 20/03/2008
Código do texto: T909413
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