CAPSULAS DE FELICIDADE

Querido Papai Noel

Quando eu era jovem – um adolescente – Sonhava com muita coisa: em casar, ter filhos e ser feliz. Realmente muita coisa aconteceu: descobri que casar pode não ser o caminho para a felicidade. Que filhos quando são pequenos são a nossa felicidade, mas quando eles crescem, pensam na felicidade deles e que não estão nem aí pra nós, alguns se envergonham da nossa velhice (alguns nem chegam lá - é o caso de meu filho Daniel que morreu atropelado, bem na época do natal, você sabe) outros acham que nossas posses e aposentadoria deveriam servir para satisfazer os seus desejos porque nós não precisamos de mais nada para viver: a velhice é o fim...

Outro dia eu vi notícias nos jornais e na TV de filhos que matam os pais por causa do dinheiro e de seus bens. Felizmente eu constatei isto bem cedo e tratei de não acumular riquezas enquanto estivesse neste planeta...

Quanto ao meu sonho de ser feliz, Papai Noel, eu descobri que a felicidade é muito efêmera. Que ela existe somente no passado quando descobrimos que para ser feliz basta um almoço de domingo com a família inteira na casa da vovó e do vovô. Que o sorriso de um filho saudável, o primeiro dentinho, o primeiro dia de aula, a primeira palavra pronunciada foram felicidades que encapsulamos para a nossa velhice...

Agora sim é a hora de curtirmos a nossa solidão porque filhos são como pássaros quando se emplumam, tão logo criam asas voam do ninho e vão embora definitivamente. Um dia eles crescem e esquecem da gente e a para que possamos curtir a solidão temos que nos contentar em abrir as capsulas de felicidade do passado e esquecer que no futuro, quiçá no natal eles apareçam, fingindo-se de bonzinhos, nos trazendo um panetone, um sabonete ou um par de meias...

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17.12.10

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 17/12/2010
Reeditado em 25/12/2010
Código do texto: T2677011
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