RECORDANDO- desabafo e frustração

Ultrapassei a casa dos oitenta anos, mas diferentemente do que muitos idosos alegam, não sinto saudade do meu tempo de jovem, salvo da mocidade e seria hipócrita negar, todavia ainda me enleva as boas lembranças da época que tínhamos paz nas ruas, respeito aos idosos, à religião, que não passávamos na frente de uma igreja que não nos persignássemos e até beijássemos a mão dos sacerdotes; ao se cruzar com outra pessoa se cumprimentava. Do tempo que passeávamos nas praças de mãos dadas com a namorada ou esposa e filhos; saíamos para olhar as vitrines e/ou passear nos parques; de quando namorávamos respeitosos, um com o outro, e apaixonadamente dávamos as mãos; das moças preservando a virgindade e se preparando para ser uma dona de casa, mãe de numerosa família; da namorada que só saia com o namorado com uma acompanhante que se apelidava de “vela”, cujo sentido não compreendo.

Entrementes, no decorrer desses longos anos, testemunhei espetaculares evoluções e transformações, sejam espirituais ou materiais, principalmente no campo da tecnologia. Lamento que o caráter espiritual tenha decaído, conquanto haja se permitido, democraticamente, a livre opção religiosa e política, não existente até o meado do século passado.

Entre o final do século XIX e principio do século XX, houve adventos que provocaram grandes mutações e avanços materiais, quiçá espirituais para a sociedade com os adventos da aviação, automóvel, imprensa e radiodifusão e ciência. Na comunicação surgiu a imprensa e a radiodifusão, ramos que se desenvolveram tecnologicamente. É constrangedor se constatar que tanto a aviação como os veículos motorizados, conquanto fossem sonhos dos seus autores a fabricação para o bem da humanidade, ambos foram também desviados para fins de destruição, alias, detalhe comum nas ações humanas.

Só a imprensa e a radiodifusão se tornaram na sua evolução veículos de importância social, atuando na defesa intransigente dos diretos dos cidadãos, contudo com o desenvolvi mento da comunicação, tenha surgido a mídia usando de imagens e palavras audíveis, bem como a cibernética representada pela Internet, cuja força formadora de opinião vem conquistando espaços pouco éticos na formação social.

Estou trazendo este assunto a baila por não compreender porque nossos legisladores ou a cega justiça ainda não criaram leis para defender a moral, a ética e os bons costumes da mídia televisiva e sobretudo na área da comunicação que serve de armas para os depravados morais difundirem suas taras.

A tecnologia já tem competência para criar meios de identificação de tais elementos e puni-los severamente. Devo salientar que a Internet é um veículo disseminado nos lares e nas escolas e podem ser usados, sem controle por crianças e adultos de quaisquer idades.

Crianças e jovens se ocupam por longas horas diárias assistindo e ouvindo os deprimentes espetáculos das telinhas, com livre arbítrio do uso dos canais das emissoras e provedoras, protegidos por descabidas leis de imprensa livre.

Indago: Como pretender coibir a evolução da violência, das drogas, do desamor e desrespeito as mais comezinhas regras morais, permitindo que os veículos de comunicação penetrem em nossos lares, sob falsa identidade de educação ética? Como se pretender ética quando os Congressistas oferecem verdadeiros espetáculos de corrupção e imoralidade? Onde estão os veículos que nos faz impar de vaidade e orgulho pelo seu avanço material e tecnológico que comprovam a inteligência humana, que muito bem poderia servir de escopo para a evolução espiritual, para se criar o campo sócio-moral que não me faria sentir saudade do tempo de jovem? Este é um desabafo e decepção ao continuar a observar a ausência de interessados em ler as mensagens educativas e edificantes que coloco no Recanto. Confesso: Ás vezes ponho títulos mais sugestivos para atrair a atenção, porém sem resultado.

SERÁ QUE NÃO ME LEEM POR ACHAR QUE É MAU HUMOR DE IDOSO?

Iran Di Valencia
Enviado por Iran Di Valencia em 24/05/2008
Reeditado em 25/05/2008
Código do texto: T1002878