ALMANTES... (Alerta Sentimental)

ALMANTES...

(Um imaginário real, que poderia se chamar Alerta Sentimental)

Um dos personagens, pode ser você.

Em determinado dia, de determinada época, em determinado lugar, inicia-se um diálogo, quase sempre desagradável, entre uma meia-esposa e uma suposta meia-amante. O termo meia, será entendido no decorrer do texto.

QUASE 8:00 HS DA MANHÃ de um dia qualquer:

ESPOSA:

Bom dia. É você que se chama Aparecida?

A Suposta-OUTRA:

Sou eu mesma. Quer falar comigo?

E- Sim. Eu sou esposa de Ricardo. Me disseram que vocês têm saído juntos, em demasia, e, possivelmente, estão mantendo um romance, ou seja, são amantes.

SA- Auto lá. Nós estamos, realmente, mantendo uma relação. Mas, não somos amantes e sim ALMANTES.

E- Almantes? Que significa isso? É uma nova gíria?

SA- Não. É algo mais profundo. É que juntos descobrimos que só estávamos sendo amados pela metade, por você e meu marido. Vocês só têm usado nossos corpos, e deixando sempre de lado, nossas almas. Foi aí que o destino se incumbiu de nos colocar lado a lado, frente a frente e descobrimos, então, que não tínhamos, os dois, com quem discutir, ou dividir, nossos problemas, nossos planos, nossos sonhos. Nos descobrimos, exatamente nesses dias tristes, onde, coincidentemente, lhes demos prazer, nos nossos quartos de obrigação sexual, de onde partíamos a seguir, após saciar-lhes o prazer, pra nossa luta solitária. Pra seu registro, cara senhora, nunca fizemos sexo, a não ser textual. Nos amamos pela compreensão, pelo respeito que criamos, um pelo outro, pelo apoio que nos doamos, especialmente moral. Porque somos falantes e, principalmente, ouvintes, porque sempre arrumamos um pouco de tempo para isso. Falamos sobre problemas do dia a dia, músicas, trocamos poemas, poesias e essas coisas que pra vocês incomodam, sequer existem, ou são, simplesmente, chatas. Ninguém tem culpa de não ter o mesmo gosto, o mesmo nível, a mesma tendência, muito embora ninguém tenha o direito de não respeitar, sentimentos alheios. Quando nos propomos a viver uma vida a dois, temos que nos adaptar, às vezes abrir mão de sonhos, sonhar sonhos jamais imaginados. É isso que nos faz cúmplices. Uns doam e outros acolhem. Quem sabe, se a senhora que é muita amada, sei disso confidencialmente, e, o senhor meu marido, a quem ainda amo muito, se dessem conta de que além de nossos corpos, temos almas, nos aproximaria a todos e nos tornaríamos grandes AMIGOS, ao invés de dois canibais e dois infelizes? Deixaríamos, então, de ser ALMANTES. Amantes pela alma, reinventores do AMOR, aqueles que acreditam que AMIZADE é fundamental. Outros sentimentos... são conseqüências.

ESPOSA: Nessa altura do monólogo, em que se transformou o diálogo, aos prantos e muito triste, mostrando-se frágil e envergonhada, agradeceu-lhe, beijou-lhe a face e partiu com muita ânsia, no afã de trazer de volta, por inteiro, de corpo e alma, para dentro do seu lar e da sua vida, aquele que escolheu pra dividir calor e frio, lágrimas e sorrisos, trazendo junto, talvez, a sua melhor amiga, a partir daí.

REFLITAMOS... Existem, hoje, muitos casais solitários, em função da “facilidade e busca material “ que hoje impera (Gostou? Toma. Tchau, Você também não trabalha?), da falta de respeito pelos sentimentos, inclusive próprios, pela enorme entrega de prazeres a céu aberto, em cada bar, a cada esquina, em cada rua e sem compromisso, e, o que é pior, a flagrante e gritante ausência de DEUS nos corações. Olhem o mundo, vejam o universo, sintam nosso paraíso, como vem se desintegrando por falta de AMOR, por excesso de materialismo. Isso tudo tem início com dois canibais, dois infelizes e, consequentemente, dois ALMANTES.

PS. Essa história pode, e deve, ser interpretada, também, pelos esposos.