Pico da Colina Maldita...
Daqui, do alto de minha fortaleza, vigio a massa vencida, a massa submissa e viciada que posso controlar com um sinal.
Meus falcões, minha contenção, meus vapores e soldados estão alerta e em atividade constante.
O movimento é forte, carros importados não sobem o morro, mas o vapor chega até lá, pega o dinheiro e deixa o cristal. Meu dinheiro não é sujo, foi ganhado com suór, ou você acha que moro em Bariloche? Meu lucro compra o respeito e arma a milícia; paga por silêncio e corrompe a política.
Você acha que é fácil ser gerente? Ser um líder? Acha que é fácil tomar decisões? Mandar matar? Comprar? Vender? Se equipar?
Sabe quanto custa um FAL? Um AK? Um AR-15? Uma Uzi? Uma Sig Sawer? Você sabe que a maioria disso é de procedência estrangeira? Não, você não sabe e só eu sei o quanto tenho que vender para proteger meu empreendimento, o quanto tenho que arrecadar para municiar meus instrumentos de trabalho. Daqui, da minha fortaleza, visualizo o marinbondo, o X-9 e o alemão, aponto a arma para a cabeça do político que pede votos, e fico rindo da situação...
O Estado é cheio de aparato, de helicópteros que posso de derrubar, de pais de família que eu posso matar, de esfomeados que eu posso comprar.
Usar droga? Claro que não, isso é para viciados, não para empresários.
Eu sou negociante, formado na Faculdade do Pico da Colina Maldita, com pós-graduação, MBA em comércio exterior com as FARC, e que dirige o negócio mais lucrativo do Brasil, no lugar onde o Estado não quer entrar, onde a novela tem que adaptar para poder mostrar, e de onde o morador não tem como se mudar.