Sonhos do Mundo

Quando criança, via nos desenhos animados os personagens cavarem buracos que chegariam ao outro lado do mundo. Ficava meio perdido na minha pobre cabeça infantil e indagava à mim mesmo: "será que dá certo?". Enfim, para o mundo das crianças tudo é possível... Até buracos com destino ao outro lado do planeta e sem escalas.

Mas, há exatos 100 anos atrás, a realidade não era como os meus pobres olhos de criança imaginavam. Não haveria um buraco, mas um navio partindo da cidade de Kobe, no Japão. A viagem não seria em uma queda dentro de buraco bem fundo, mas em 52 dias de difíceis adptações ao clima, as condições de viagem e outros problemas. Nossos irmãos nipônicos sofreram para chegar aqui.

E por quê alguém atravessaria o mundo para estas terras? Saíriam de suas casas, deixariam para trás uma vida para começar outra? Isso não é só papel dos japoneses que aportaram por estas bandas do Atlântico há cem anos. Vimos - e vemos - casos de pessoas que nem barco, ou qualquer outro tipo de locomoção possuem para chegar ao destino em busca de melhores condições. Antes dos japoneses, haviam pessoas em busca de ouro Minas Gerais, gente que saia de Portugal em busca de riqueza e, no caso de D. João VI, proteção. E no início do século XX os retirantes nordestinos abandonarem tudo aqui no sertão, para se entregar ao destino - às mãos de Deus - nas terras do sul.

São os lados do mundo... Gente que, como os nipônicos, temem fronteiras, doenças e desgraças. Porém a esperança lhes fala mais alto. Só querem um pedaço de chão pra começar a vida, só isso e mais nada. Passam fome, frio e até morrem... Mas quem vive sabe: o sacríficio é o que enobrece o homem.

Os lados do mundo nos mostram diferentes faces da mesmo sonho... Não existe fronteira que derrube a perseverança.

Valdemar Neto
Enviado por Valdemar Neto em 18/06/2008
Reeditado em 18/06/2008
Código do texto: T1040332
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.