Maldita responsabilidade necessária

Tenho afeição a falsidade, é uma das coisas que mais me tira do sério, mas este não é o tema do desabafo de hoje. Talvez até pudesse ser, mas ando numa crise acentuada de idéias e na verdade só estou escrevendo para provar a mim mesmo que conseguiria produzir alguma coisa. O texto está ficando fraco justamente porque sou teimoso e insisti em continuar enchendo o papel com algumas divagações e análises inúteis de uma mente egocêntrica – mas que tenta não ser. Confuso, não? Na verdade é, e bastante, mas depende da ótica. Bueno, presta atenção ao que segue.

Há uma maldita responsabilidade necessária ao dia-a-dia, um conjunto de coisas a fazer, contas a pagar, trabalho, horários e o escambal. Deve fazer parte daquela palavrinha corrompida pelos políticos chamada ética, um conjunto de coisas que determina nossas ações. Ou não tenha nada a ver com isso e eu só tenha usado a palavra ética para alfinetar a classe que anda pelos palácios suntuosos do poder, decidindo de onde desviar recursos no próximo trimestre. Bah, que mágoa e inveja dos políticos. Quisera eu desviar alguns milhões para o meu bolso também. Aliás, é esta a indignação maior de quem não se dá bem, não poder corromper-se também!

É complicado entender como funciona todo o jogo da política, invariavelmente meus textos têm falado de política e amor – nem de futebol e música eu comento mais. Grande coisa, escrevo aqui de graça e por puro prazer, ou quem sabe desgosto, burrice, estupidez. A verdade é que escrevo sobre amor porque estou amando e sobre política porque estou cheio das imbecilidades que assisto diariamente e de outras coisas porque não passo de um amargurado. Alguém sabe do que se alimenta um vereador? Acho que de lavagem, assim como os porcos – tiradas algumas raras exceções. Dia desses presenciei a conversa sobre a morte de um rapaz. E um político local lamentou profundamente o triste fim, em um acidente de trânsito – tratava-se de um eleitor seu. Porco imundo, ainda tentou se justificar depois que disse aquela asneira.

O lamentável de tudo isso é que por mais que continue escrevendo, acho que jamais vou conseguir traduzir o asco que sinto ao ouvir e presenciar cenas como esta e ainda por cima não adianta denunciar sem provas circunstanciais. Mas resignação é ainda mais horrível, então escrevendo me sinto menos inútil ao mundo.

Vinícius Severo
Enviado por Vinícius Severo em 26/06/2008
Código do texto: T1053083
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