A Mulher sem nome

O céu estrelado, a lua cheia, o calor ofegante prenunciava à noite. A música de fundo, intimista, Cole Porter, jazz dos melhores dava ao ar daquele lugar algo mágico.

A bebida no ponto, sem muito exagero, um vinho dos melhores, alguns queijos de petisco acompanhava.

Ela entra pela porta, sozinha, mais segura, o vestido solto parecia fazer parte de sua pele, que demarcava aquele andar sem fraquezas.

Meus olhos a seguem, ela vai a direção de uma mesa vazia senta e pede uma bebida. As mesas estão opostas porem nos coloca frente a frente.

O garçom chega para servi-la, água tônica, gelo, e uma salada de frios. O primeiro gole da água revela lábios carnívoros e belos, o batom vermelho fica no copo, e revela suas digitais labiais.

Os olhos não desviam do bar, displicente, parece não ligar para o movimento e nem para música e me intrigam.

Meu vinho pela metade me da um gosto de dúvida e desejo, me contenho, não quero quebrar aquele ambiente.

Procuro ainda assim aqueles olhos quase na penumbra, mas nada, nenhuma resposta visual me faz desistir.

Volto ao meu vinho e queijo e ouço Porter triunfar em sua genialidade. Já não avisto mais e esqueço aquele triunfo que parou meus olhos.

De repente ela aparece ao meu lado, pede licença pra sentar em minha mesa, enigmática toma meu vinho em meu copo, não fala, aproveita a quase penumbra e me beija a boca.

A noite é quente, e surpreendentemente forte, entrelaçados corpos num movimento único e avassalador permite-nos o prazer da perfeição física e emocional no meio daquele mistério.

O sono chega e dormimos e na manhã acordo sozinho, como o gosto de vinho, Porter, e daquela mulher, que me deixou dúvidas sem deixar nome e foi pra sempre.

Marcos Barbosa
Enviado por Marcos Barbosa em 04/07/2008
Reeditado em 04/07/2008
Código do texto: T1064314