Japa Ruiva.
Acordei com batidas fortes na porta. O sono profundo só me pegou de madrugada e eu perdi a hora.
Após assistir Medium, série com Patrícia Arquette, que gosto muito e de ter dito à minha irmã Melissa que não tinha medo nenhum de assombrações, fui dormir e tive um pesadelo, o tipo de sonho que graças a Deus, não me visitava desde criança.
Aliás, segundo minha irmã caçula, sempre que digo que não tenho medo de alguma coisa, o destino vem me dar uma liçãozinha, mas essa é outra história.
Voltando ao assunto desse texto, meu cunhado me acordou, dizendo que havia ligado mil vezes para o meu quarto. Eu não ouvi, claro. Agora tinha que me apressar para um city tour em Buenos Aires, pois estavam apenas me esperando.
Entrei no ônibus ainda acordando e logo vem um fotógrafo, fazendo fotos de todos para entregar ao final. Pediram-me para tirar os óculos, que escondiam meu sono. Obedeci.
Praça de Mayo, Casa Rosada, Catedral, Igreja Del Pilar, Boca. Na Boca ouvi tango pela primeira vez em Baires (é assim que Laura minha amiga portenha se refere à sua cidade e lá vou com a mesma intimidade).
Gostei de tudo e voltei feliz para o ônibus. Ao entrar o moço que havia feito as fotos veio entregá-las e receber seu pagamento. Peguei a minha e o primeiro impulso foi chamá-lo para devolver. Ele havia se confundido. Aquela foto não era a minha.
Tudo bem que eu já sabia que seria feita uma montagem e no mínimo eu ganharia uma silhueta linda de tangueira, mas o rosto teria que ser o meu e não era o caso.
Chamei o rapaz, enquanto tentava lembrar das fisionomias dos demais passageiros. Não tinha ninguém com aquele rosto. Bem, ele se equivocara e procuraria a minha foto.
A essa altura, Melissa, sem entender a minha expressão , pede para ver a foto e me diz:
- é você, Evelyne.
- Eu, como assim?
Pedimos a André para resolver o impasse. Ele foi enfático:
- é uma japa ruiva, mas essa japa é você, Veca.
Juro que ainda não me reconheço naquela foto, mas confio na minha família e paguei ao cara, agradecida pelo corpinho que ele me deu dentro de um vestido vermelho e justo.
A explicação? Eu ainda estava dormindo quando ele me fotografou e meus olhos estavam fechadinhos como os olhos das japonesas. Para completar a transformação, ele me tirou os cachos e fez um coque. De mim ficou um rosto branquíssimo e redondo, olhos apertados e à cor do meu cabelo, foi acentuado um tom ruivo.
Quase morro de rir na hora. Ainda olho para a fotografia e não me reconheço. Mas já gosto dela pela risadas que compartilhei com todos que a viram e que também não me reconheceram.
* Japa aqui não tem sentido pejorativo, pelo contrário, é carinhoso.
Acordei com batidas fortes na porta. O sono profundo só me pegou de madrugada e eu perdi a hora.
Após assistir Medium, série com Patrícia Arquette, que gosto muito e de ter dito à minha irmã Melissa que não tinha medo nenhum de assombrações, fui dormir e tive um pesadelo, o tipo de sonho que graças a Deus, não me visitava desde criança.
Aliás, segundo minha irmã caçula, sempre que digo que não tenho medo de alguma coisa, o destino vem me dar uma liçãozinha, mas essa é outra história.
Voltando ao assunto desse texto, meu cunhado me acordou, dizendo que havia ligado mil vezes para o meu quarto. Eu não ouvi, claro. Agora tinha que me apressar para um city tour em Buenos Aires, pois estavam apenas me esperando.
Entrei no ônibus ainda acordando e logo vem um fotógrafo, fazendo fotos de todos para entregar ao final. Pediram-me para tirar os óculos, que escondiam meu sono. Obedeci.
Praça de Mayo, Casa Rosada, Catedral, Igreja Del Pilar, Boca. Na Boca ouvi tango pela primeira vez em Baires (é assim que Laura minha amiga portenha se refere à sua cidade e lá vou com a mesma intimidade).
Gostei de tudo e voltei feliz para o ônibus. Ao entrar o moço que havia feito as fotos veio entregá-las e receber seu pagamento. Peguei a minha e o primeiro impulso foi chamá-lo para devolver. Ele havia se confundido. Aquela foto não era a minha.
Tudo bem que eu já sabia que seria feita uma montagem e no mínimo eu ganharia uma silhueta linda de tangueira, mas o rosto teria que ser o meu e não era o caso.
Chamei o rapaz, enquanto tentava lembrar das fisionomias dos demais passageiros. Não tinha ninguém com aquele rosto. Bem, ele se equivocara e procuraria a minha foto.
A essa altura, Melissa, sem entender a minha expressão , pede para ver a foto e me diz:
- é você, Evelyne.
- Eu, como assim?
Pedimos a André para resolver o impasse. Ele foi enfático:
- é uma japa ruiva, mas essa japa é você, Veca.
Juro que ainda não me reconheço naquela foto, mas confio na minha família e paguei ao cara, agradecida pelo corpinho que ele me deu dentro de um vestido vermelho e justo.
A explicação? Eu ainda estava dormindo quando ele me fotografou e meus olhos estavam fechadinhos como os olhos das japonesas. Para completar a transformação, ele me tirou os cachos e fez um coque. De mim ficou um rosto branquíssimo e redondo, olhos apertados e à cor do meu cabelo, foi acentuado um tom ruivo.
Quase morro de rir na hora. Ainda olho para a fotografia e não me reconheço. Mas já gosto dela pela risadas que compartilhei com todos que a viram e que também não me reconheceram.
* Japa aqui não tem sentido pejorativo, pelo contrário, é carinhoso.