Paciência....1, 2, 3...

Domingo, 8 horas da manhã, me toca a campainha. De cabeça pesada, gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Enfim ressaca mesmo. Sigo cabisbaixo e cambaleante, o próprio Quasimodo... Olho da janela da cozinha, que dá pra ver uma parte do portão e nada vejo. Faço o caminho inverso, dirigindo-me mais uma vez ao leito sagrado dominical, e a desgraça da campainha teima em tocar novamente. Com um bico digino de um tamanduá bandeira, ponho um cigarro com alguma dificuldade, de tão contraido que estava minha humilde bitoca e me dirijo à porta. Abro com cuidado para os gatos não sair, e desço os pequenos degraus que aquela hora, mais pareciam o grand canyon. Ainda não via ninguém na porta, e fui me aproximando até que...

A visão foi clara. Um Coque que mais parecia um ninho de vespas, e o resto do cabelo que escorria pelas costas magras e meio curvadas... Só podia ser uma coisa aquela hora do domingo. Isso mesmo camaradas. Uma porra de um evangélico mizerável.

Começando a sentir o pulso do coração na veia lateral direita da cabeça, abro meia porta. Assim que a maldita me vê, abre um sorriso e com um bom dia inicia sua tentativa de arrebanhar mais um idiota para seu templo imundo e decrépto.

_Bom dia ! Você não gostaria de ouvir uma palavra de cristo nosso rei?

_Não.

_Espera, espera um pouco moço, pega um folheto! Você vai ver que sua vida vai mudar e...

_Minha Senhora... Por que não vai tomar no seu cú? Só uma vez. Quem sabe gosta, e dai para de incomodar os outros logo de manhã, no unico dia que temos para dormir.

_...

_Passar bem Dona.

_...

Fechei a porta e sentei num banquinho perto do terraço. Terminei meu cigarro. E nem voltei pra cama. Fui na feira comer um pastel e tomar um caldo de cana, que eu precisava de glicose e um pouco de carboidrato.

Chegando na barraca de pastel, minha vizinha me comprimenta e começa a falar mal dos evangélicos. Eu falei um pouco também, mas o assunto ja me cansava e minha cabeça ja voltara a pulsar. Até que eu pedi um saquinho pra comer o resto do pastel em casa. A vizinha me pega pelo braço e fala.

A, não sei se você esta sabendo, tó, esse é o folheto da festa junina que a paróquia do "São Pau no cú" , não me lembro agora, esta promovendo, e se você puder ajudar, com qualquer quantia, seria uma benção pois a igreja precisa de dinheiro pra construir uma imagem de tantos metros do "São Pau no cú" ...

Eu olho em volta e reparo o mesmo papel nas mãos de diversas pessoas na barraca de pastel e em alguns proximos a ela.

Disse tchau e nem peguei o papel. Cheguei em casa, desliguei a campainha e liguei a TV, a fim de assistir a corrida.

Agora, sabe o que dá vontade de fazer? Imprimir 6726295293 folhetos sobre ateismo, ou "Vire um agnostico, e viva melhor" ou organizar uma festa junina para construir uma estátua para Darvin ou Nietzsche e sair de porta em porta dessas pessoas desgraçadas, imundas, estupidas, cretinas que insistem em pregar sua crenças ridículas e seus misticismo estapafúrdios de um cara que andava por cima das águas, ou outros tantos que faziam milágres e curavam leprosos e até espiritos do bem e do mal e esse monte de merda folclórica.

Gente. Mil perdões. Sei que isso ofende a 95% do recanto, mas eu precisava desabafar. Respeito sua religião, desde que ela não me acorde domingo de manhã e nem tente levar meu dinheiro do pastel.

Gordo
Enviado por Gordo em 07/07/2008
Reeditado em 09/07/2008
Código do texto: T1069751