fonte imagem: sloucos.blogspot.com

Em alguns momentos da vida, muitos fatos acontecem a nossa revelia. Sejam fatos bons ou ruins. E ficamos presos nas suas algemas por algum tempo, sem nos darmos conta que tudo passou ou acabou. Acordar dói e assim, nos agarramos a eles tentando fazê-los continuar a existir. Isso é nadar contra a correnteza. Entretanto, chega uma hora, quando o cansaço bate  você é obrigado a  viver e esquecer.  O meu texto abaixo, que eu nomei de crônica, é um texto subjetivo. O acordar, aí, é enxergar a realidade com os olhos bem abertos.      

 

PERDI A HORA, MAS ACORDEI

Acordei depois da hora. 

Estava sonhando. Eu nem havia percebido. Acordei atordoada. 

Não sabia nem onde estava. Belisquei o meu braço para verificar se de fato eu continuava dormindo ou já estava acordada. 

Espreguicei. 

Olhei ao meu redor ainda sem entender quanto tempo dormi. 

Tentei me sentir. Nem me parecia a mim mesma de verdade. 

Desconfiei que eu houvesse tomado algum ansiolítico. Vai saber. Minha cabeça rodava. 

Lembro-me bem, havia uma  pessoa a minha volta, um rosto conhecido e ela não estava mais ali. 

Esfreguei os olhos, percebi-os molhados. Eu havia chorado, talvez por horas. Eles estavam inchados.

Meu coração ainda palpitava.

Sonhei? Eu me perguntei. 

E eu não sabia me responder. 

Respirei fundo e levantei da cama, a essa altura toda desarrumada de tanto ter me revirado.

Os travesseiros estavam no chão e as cobertas retorcidas. 

Olhei para o relógio, ele funcionava. Já era bem tarde.
 
Novamente, tentei me lembrar o que sonhava. 

Ah sim! Lembrava-me sim.

O que eu sonhava  não me interessava saber se dormindo ou acordada.  

Tinha sido um sonho bom. 

Em grande parte, maravilhoso.
 
Então porque acordei? 

Me lembrei!. 

Foi por causa de um solavanco. 

Daqueles de tirar o fôlego. Quando a gente faz força para acordar de tão desesperada.
 
Que bom que  acordei,  mesmo depois da hora.