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QUER ME DÁ UMA CARONA
 
Olho para o marcador de meu combustível interno. O ponteiro está no vermelho, quase no fim da reserva. Sinto desconforto. Se continuar a insistir nessa viagem, estou sujeita, a qualquer momento, parar no meio da estrada. Deus sabe lá onde.
 
Isso não era para acontecer. Acho que corri demais. No inicio, a estrada era asfaltada com um asfalto bom. A estrada tinha várias pistas e assim não tinha problema acelerar. Eu não sabia que, para chegar ao destino, eu encontraria uma estrada de terra, toda empoeirada, além disso, bastante esburacada. Mesmo assim, eu continuei acelerando. Não deu outra. A cada pequeno trecho, muitos solavancos e muita poeira.
 
Quando a poeira começou a invadir os meus sentimentos, pensei muito em desistir da viagem. Logo em seguida, eu repensei – isso é bobagem, todo percurso tem seus trechos bons e ruins, tentarei chegar ao meu destino, vale à pena.
 
E continuei na estrada, seduzida pela paisagem, sem me preocupar com a existência de algum trecho ainda mais perigoso. A bordo, no meu peito, o entusiasmo era o comandante. Além dele, a alegria e a felicidade eram os meus co-pilotos.  Elas também estavam ali para assumirem o comando em qualquer emergência.  Na verdade, eu não tinha a menor idéia se elas eram preparadas para o posto, se necessário fosse. 

E continuei firme. Durante a viagem, algumas pausas para descanso foram necessárias. Pausas pequenas, só para tomar fôlego. Desistir jamais.
 
Bem, na verdade, eu confiava no excesso de amor que eu carregava como bússola. Simplesmente, por achá-lo especial e por ser um amor incondicional. Ele me dava à certeza do rumo certo.
 
Consegui chegar. Aos trancos e barrancos, eu estava lá. Permaneci algum tempo A intenção não era essa. Eu tinha ido pra ficar. Pareceu-me até que ficaria.
 
Não foi por acaso que minha razão se desesperou ao perceber o erro meu. Eu nunca aprendi direito as regras do amor. Se tivesse aprendido, eu não hesitaria em desistir da viagem e para fugir da tentação eu esconderia a minha bagagem de mim. Agora, era tarde. Percebi isso, quando não consegui controlar as lágrimas, a tristeza e o buraco negro no meu plexo solar ao ser devolvida pra mim.
 
Tomei um baita susto ao perceber o desgaste de minha resistência. Fui imprudente – pensei. Testei quase tudo, logo dela eu me esqueci? 
 
Agora, faço minha viagem de volta. O percurso esburacado já ficou para trás. Estou no asfalto, mas ainda posso sentir uma sobra de um resto de poeira da outra estrada. Continuo acelerando. Ainda mais rápido. Liguei até o ar condicionado para me refrescar. Talvez seja isso que esteja consumindo mais o meu combustível. Azar. De alguma forma vou parar em algum lugar. Se puder ser aonde eu possa me abastecer, bem. Senão, seja o que Deus quiser. Vou pedir carona pra qualquer lugar a alguém  que acelere até o VDO. 

Eu ajudo a pagar a gasolina.
 
Você aí, quer me dar uma carona?