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MINHAS ESQUISITICES
 
Se esquisitice pagasse imposto, todos nós teríamos pelo ao menos uma conta a mais a pagar. É isso mesmo, ninguém está livre dela. Nem eu, nem você, nem ninguém. Esquisitice é democrática. Como diz Caetano Veloso, “de perto ninguém é normal”. E como sempre indaga minha prima Eliana, quando alguém faz crítica a esquisitice dos outros - ele ou ela é igual a nós, os normais?
 
Esquisitice tem vida própria. Não adianta você tentar se desvencilhar dela. Ela vem carimbada em nossas atitudes com um selo de marca registrada. Tem até código de barra para ser bem identificada. Algumas esquisitices têm até um selo a mais, o selo de qualidade total (pensando aqui em qualidade total “como a busca orquestrada da perfeição”) E como é orquestrada essa tal de esquisitice. Como é perfeita!    
 
As minhas esquisitices, de tão orquestradas, chegam a ser eruditas. Algumas já estão em mim há muito tempo. Outras, recém-adquiridas. Certamente, pelo caminho, outras novas se juntarão às existentes, sem o meu consentimento, para o meu deleite ou para o meu desespero. Não importa. Elas estão grudadas no meu dia-a-dia.
 
Uma  delas é a minha mania de falar sozinha. Confesso. É terrível. Vira e mexe sou surpreendida por alguém me perguntando – você está falando comigo? 
 
É sempre do mesmo jeito. Primeiro, um susto como se tivesse acordando de um sonho. Depois, uma pausa rápida para arrumar os pensamentos pelo repente da pergunta e achar uma resposta sem me entregar ”oncotô”. Dependendo da hora, sou tomada por uma surdez repentina. A pergunta quando chega ao cérebro, o perguntador já foi embora.  Acredito ter desenvolvido um tipo de auto-proteção para perguntas intrusas. No fundo, fico vermelha de vergonha pela entrega.  Isso é freqüente.
 
Pior ainda, é ser surpreendia por mim mesma. Sou do tempo da datilografia, logo, digitar pra mim é moleza. Sou boa digitadora. Não sei olhar para o teclado. Se assim o fizer, troco tudo de lugar. Ótimo, isso agiliza o meu trabalho com as escritas. 

Porém, para minha surpresa, descobri que escrevo falando. Aliás, falo e discuto com o meu teclado.
 
Você sabe o que é isso? Se for igual a mim, sabe sim. Mas senão for, você não imagina. Cada palavra, cada frase, cada pensamento é conversado. Em voz alta. 

E não é só quando escrevo crônica, poemas, e-mails, etc. Até no MSN, isso acontece quando converso digitando.. Algumas vezes, eu até respondo minhas próprias perguntas e alto. Quando me dou conta disso, me seguro, mas por pouco tempo. Logo, logo o som da minha voz já está reverberando novamente.
 
Esquisitice, das boas, se manifesta quando estou com algum problema pra resolver, quando não estou bem humorada  ou quando me sinto triste. Disparo a tomar banho. Haja água, haja chuveiro, haja pele. É como se eu tentasse lavar os pensamentos, os sentimentos e a própria alma.Se tivesse como me virar do avesso, nessas ocasiões, certamente, eu me enfiaria dentro de uma máquina de lavar. 
 
Outra esquisitice me acompanha. Talvez a pior de todas. Pelo ao menos é a mais constrangedora, pois nela nunca consegui interferir. Penso que ela deve ter surgido de alguma frustração interna, incrustada no subconsciente. Eu nunca me dou conta dela.
 
Dizem por aí, as pessoas mais intimas, que costumo cantar enquanto durmo. Não. Não é cantar quem está do meu lado. É cantar mesmo. É cantar uma melodia.  Eu mesma não consigo me imaginar cantando. Dormindo então, nem se fala. Isso já foi e é motivo de muitas gozações. Primeiro porque não admito ter cantado. Segundo, porque ninguém sabe explicar qual é a música.
 
Por causa disso, eu fico enlouquecida quando tenho que dividir quarto com alguém não muito conhecido,  ou quando preciso tomar uma anestesia geral. Já pensou, eu lá dopada, dormindo o sono dos justos, os médicos todos concentrados e eu cantando?
 
Pois é, essas esquisitices me acompanham. Tenho outras mais. Ainda bem, todas bem humoradas. Porque senão fossem, eu estaria perdida. Teria que morar debaixo de uma cachoeira ou correr atrás de uma promoção “hora do banho”. 
  
 
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