A bala que burla o bafômetro

Manhã de domingo ensolarado em Curitiba e um calor surpreendente para esta época do ano. Resolvo perambular pelo Largo da Ordem, na tradicional feira de artesanatos e nos bares adjacentes. Encontro amigos, e a via sacra inicia-se com uma parada no, também tradicional, Alemão, o Floresta Negra. O encontro, o clima, tudo leva ao inevitável chope, mas eu estava motorizada e, bem... a lei seca.

Não me lembro de ter sido parada em uma blitz, uma vez sequer, em todo o tempo em que dirijo, e põe tempo aí. Mas, por via das dúvidas, vai que. Peço uma coca-cola, que não combina nadinha com o joelho de porco que optamos por pedir para a primeira etapa de um dia que promete. Almoçamos com apetite e, concomitante ao prato escolhido, saboreamos as fofocas e as novidades que contamos uns aos outros, rimos de nós mesmos e a vida parece ficar mais leve, embora nossos corpos, talvez, mais pesados.

Finda esta etapa, seguimos para o, já famoso, Brasileirinho. Após um arrasta cadeira daqui e dali, nos agregamos a outro grupo, em torno de uma grande e animada mesa, composta por músicos, bailarinos, atores e ilustres desconhecidos. A cerveja rola solta, a música idem. Alguns arriscam uns passos de dança. Quase todos cantam e aplaudem ao final.

E, claro, há também um entra e sai de pedintes, vendedores de rosas, de chicletes e de balas, que dispensamos com um amável (?) não, obrigado. Mas, dentre eles, um garoto de, no máximo, doze anos, não se dá por vencido. No intuito de vender seu produto e observando o grande número de garrafas de cervejas vazias, apresenta a grande descoberta, segundo ele, produzida por sua mãe e já patenteada - a bala que burla o bafômetro. Seu rosto se ilumina e nos brinda com um belo sorriso, quando saco a carteira, compro uma grande quantidade e peço um copo para o garçom.