É, bem que poderia ser assim, mas não é...

É, bem que poderia ser assim, mas não é...

Resolvi nascer de novo

Quero matar a saudade da inocência

Quero começar a andar, cair, levantar e cair de novo...

E levantar quantas vezes for preciso

Para aprender com minhas quedas que amanhã é outro dia

Quero correr descalço e deitar no chão frio

Quero tomar banho de mangueira

Subir em árvores e roubar goiabas no vizinho

Quero não ter que pentear o cabelo

E Papai do Céu que me perdoe

Mas vou matar a aula de religião!

Vou subir no pé de manga e olhar novamente a Dona Julieta trocando de roupa

Depois quero correr com o vento nos cabelos

Sentir o sol e suar...suar...suar e...correr de novo até cansar

Beber bastante água, pois mais tarde pode me fazer falta

Depois fazer xixi na “comigo ninguém pode” com cara de poucos amigos

Quero andar na chuva e jogar bola na lama

Ahhh...Quero fazer túmulos para lagartixas e baratas com caixa de fósforos

Brincar de pique, rodar pneu, jogar botão, soltar pipa e quebrar o vaso da vizinha com nossa bola de meia

Quero levar uns tapas na buzanfa que é pra não esquecer

E me lançar no rio mais vezes pra poder nadar contra a corrente

Quero pescar almas, sentimentos, pessoas e não somente peixes e garrafas Pet

Quero sorrir, gritar, chorar e depois sublimar ao descobrir que “não importa o quanto você se importe, algumas pessoas não se importam” (William Shakespeare)

Quero dar um, dois, três, quatro e quantos mais sorrisos forem precisos para inundar minha alma de alegria

Quero perdoar o mundo e compreender as fraquezas e limitações de cada pessoa, assim como as minhas também...

Pra que um dia, eu possa partir alegre de tanto sorrir, entalado com a minha própria felicidade, consciente de que tentei ser o mais verdadeiro possível comigo mesmo em todos os momentos da minha vida

Aí então morrer como um passarinho, não de pedrada é claro, mas de inocência, apesar da Dona Julieta...