Grande em Teus braços

Minha pequenina Aléxia insistia comigo para levá-la em meus cansados braços depois de um dia longo de trabalho. Ainda mais diante da escada de três andares que faz o acesso único à nossa singela morada. Além do cansaço físico o que mais me abatia era o cansaço mental. Havia enfrentado um turbilhão de problemas desde quando me levantei de manhã e a maioria ficara pendente para tomar meus pensamentos durante os próximos dias. Sentia-me pequeno diante de tantos monstros e de barreiras que pareciam ser intransponíveis.

– Pai, me leva nos braços. Pedia quase implorando.

– Você já é grande filha, você pode subir sozinha. Respondi preguiçosamente.

– Não, pai, eu sou pequena. Eu só sou grande em teus braços. Contestou cheia de meiguice.

Comovido, abaixei-me e tomei-a graciosamente em meus braços que se esqueceram do cansaço. Ela colocou a mãozinha sobre a minha cabeça, agora debaixo do seu olhar e disse: – Olha pai, como eu fiquei grande.

Percebi, naquele instante, que um poderoso par de braços me envolveram num amplexo de amor. Um refrigério envolveu a minha alma. Senti que era levado degrau a degrau, sem que necessitasse fazer esforço algum. Da mesma forma que a Aléxia, veio-me a sensação que eu também era grande. Grande nos braços do Pai. Repousado nos braços do Pai podia ver os meus problemas olhando para baixo. Impressionante como eles ficaram pequenos.

Imaginei ver Deus levantando-se do seu trono e se abaixando para me suster, erguendo-me do chão e me fazendo grande. Para quem é tão pequeno, como eu, acho que não pode existir sensação melhor.