O PERDÃO NOS DEVOLVE DIGNIDADE

O filho pródigo após perder tudo o que tinha, sentindo na pele, ou melhor, no estômago, as conseqüências de suas decisões irresponsáveis, arrependeu-se e resolveu voltar para casa. Imaginava-se indigno. Seu trabalho numa pocilga o fazia sentir-se pior que um animal. Vivia em condições sub-humanas em terra estranha e longínqua. Sua consciência carregava uma culpa esmagadora que lhe roubava toda estima. “Vou voltar para a casa de meu pai e vou lhe dizer que não sou digno...” era seu discurso ensaiado, eco da sua realidade.

Quando saiu de casa tinha um olhar altivo, como se achasse o dono do mundo, agora voltava de cabeça baixa, procurando alguém no mundo para ser seu dono. O dinheiro que o fazia sentir-se valorizado havia se acabado, mas mais que dinheiro perdeu a sua dignidade.

Era um homem que vivia num chiqueiro, desejando comer comida de porco. Solitário, mal vestido e faminto. “Vou voltar para a casa de meu pai e vou lhe dizer que não sou digno...” o débil vacilão repetia de si para si no caminho de volta. Imaginava chegar na casa de seu pai e não ter mais a honra de filho. Era o opróbrio da alcunha familiar. O melhor que supunha conseguir seria um emprego de peão da fazenda. Deprimido na mistura de sentimentos ruins, o indigente queria apenas comida e um lugar decente para dormir. Quando seu pai lhe vê, corre, se atira em seu pescoço e lhe beija. Manda trocar seus trajes miseráveis, vestidos e sandálias, por outros que fossem mais adequados a alguém que merecesse honra. Pôs-lhe um anel no dedo com o brasão da família. Ele era filho outra vez. O perdão paterno lhe restaurou a dignidade, o fez gente honrada. Ele tinha de volta nome e sobrenome.

Se o pecado nos humilha, o perdão nos exalta. Se o inferno é um chiqueiro de porco, o perdão nos leva para a sala de estar da casa grande da fazenda. Se o pecado nos deprime, o perdão nos devolve o sabor gostoso da vida. Se o pecado nos isola e marginaliza, o perdão nos leva a festa de comunhão e alegria.

O poder do perdão é o poder restaurador da dignidade humana.