Fazendo um quadro

Me pediram para pintar a tristeza.

Não sei que forma ela tem, também, como poderia algo tão infinito ter geometria? Minha tristeza é infinita, ela não tem forma. Se tiver, é forma de nuvem, para eu poder deitar sob o céu e tentar descobrir, dentre tantas formas, qual é a da minha tristeza. Estranha, comum, pequena, grande, redonda, espada, sorriso...

Ou só formato de tristeza mesmo. Mas a minha tristeza não é azul como o céu. Não sei de que cor é a minha tristeza, e nem consigo pensar em uma. Com o pincel na mão, não pensava em nada. Só via o papel em branco, e era só nele que conseguia pensar. Não via cor, e nem queria. Branco estava bom, era só como eu podia pensar minha tristeza. Via tantas cores e tantas formas diferentes na minha tristeza, que não sabia como ela era. E ela ficou branca pra mim. Já não era mais nada.

E o quadro ficou branco. Não havia quadro.

Havia tristeza?

A cor e a tela estavam lá.

Quem não estava era eu.