O mendigo e o executivo

As ruas da metrópole acordam cedo, ao raiar d’aurora. Como veias a conduzir o sangue, elas organizam o fluxo de pessoas que vivem em seus domínios. Como as células que vivem em nosso corpo, estas mesmas pessoas são diferentes, cada uma com sua história, com a sua função, como em nosso corpo, dando vida a um complexo organismo, chamado sociedade. E era num destes pontos da cidade, sabe-se lá porque, vivia Adamastor, o mendigo da Rua Sete. Pelo menos assim o viam os transeuntes, e os habitantes do lugar, que apenas o conheciam enquanto a luz do sol iluminava o dia. Mas quando caía a noite, ou, antes de raiar o dia, Adamastor era figurão conhecido, freqüentador de festas, baladas, restaurantes, amigos de pessoas que apenas o conheciam como Adamastor, o executivo, embora ninguém ao certo soubesse onde ele trabalhava. O certo é que ninguém jamais pode decifrar Adamastor, o homem que por comodidade, ou interesses nunca sabidos, se passava por alguém que não era.

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 25/08/2008
Código do texto: T1145750
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