ONDE ESTÁ DEUS?

Quem lê, pode se espantar. "Como?" Podem pensar. "O sujeito não crê em Deus?" Sim, é claro que creio - apesar de muitos ainda não crerem.

A questão não foi colocada como uma intimação à Divindade para que venha até nós para que constatemos "in loco" Sua existência.

Pergunto, reformulando: Onde podemos achar à Deus? Agora ficou melhor, não é?

Não ditarei aqui nada como uma doutrinação religiosa baseada em célebres personagens de nossa história teológica. Nem tampouco, tenho a intenção de ferir o modo de pensar ou crêr de quem quer que seja. Somente estarei passando aos leitores o meu modo de enxergar a questão, ou seja, onde é que estou procurando por nosso Criador. E peço aos caros leitores que pelo menos façam um reflexão sobre minha exposição.

Ao longo desta minha existência, sempre questionei a mim mesmo e aos meus mais íntimos amigos sobre qual seria o melhor caminho para encontrarmos Deus. Alguns me diziam que esse encontro seria possível somente depois de nossa morte, isso condicionado ao nosso comportamento aqui na Terra. Se fossemos bons filhos, poderíamos encontra-lo, lá na frente. Se nossos passos se baseassem no mal, então nosso destino seria o inferno, ou seja, jamais conheceríamos o nosso Pai. Diante disso, eu pensava "com os meus botões"... mas, Ele não é nosso Pai? Ele não é perfeito? E se ele é nosso Pai, e é perfeito, como é que Ele me coloca num mundo como esse, sem sequer dar as caras, para depois vir me cobrar de coisas que eu tenha feito de errado? Se ele é esse tipo de Pai, o meu pai aqui da Terra é mais perfeito que Ele, pois esse meu pai sempre esteve a meu lado! Então o meu pai terrestre é mais perfeito que Deus? Então esse meu pai é Deus! Resumindo... não, não e não. Deus não pode ser assim.

Aprimoremos a ideia.

Eu, além de me comportar como bom filho, devo seguir uma vida religiosa. Ai sim, sou comportado e estou no caminho certo, pois além do meu mérito próprio, agora tenho um enviado de Deus à orientar meus caminhos. Mas a dúvida agora é a seguinte: Qual religião devo seguir? Passei então a procurar esse caminho. Iniciei a freqüentar a religião da minha família. Ali aprendi muitas coisas lindas sobre Deus. Também aprendi que, se desejasse ter minha alma realmente salva, deveria proceder de acordo com os ensinamentos da tal religião, que era a "verdadeira" religião de Deus. Pronto, já não gostei. E o restante da população. Aquelas pessoas que seguem outras Doutrinas? Para confundir ainda mais minha cabeça, acabei descobrindo que esse mesmo sentimento de exclusividade quanto às verdades de Deus está presente em todas as outras religiões.

Um comentário IMPORTANTÍSSIMO, antes de seguir adiante:

Conheci, tanto na religião em que freqüentei como também em outras religiões, uma quantidade enorme de pessoas de boníssima índole. Creio de forma absoluta que todas essas pessoas estão no caminho da paz de espírito que tanto procuram... e vão achar. Também conheci verdadeiros "ratos" de igreja. Pessoas que se revestem de uma pureza da qual não fazem o menor mérito de a ter. Outra verdade sobre isso... é uma grande minoria. Resumindo o parágrafo, tenho amigos de todas e quaisquer religiões que se possa imaginar. Amo a todos e respeito a todos - àqueles que também me respeitam.

Comentário feito, prosseguirei em minha filosofia quanto ao "encotro" de Deus.

Hoje, não procuro o Divino em nenhuma igreja, templo, mesquita ou casa. Me prendo a tentar acha-Lo dentro de mim. É lógico, não quero dizer que Ele me pertence. Tentarei me explicar usando aquilo que todos nós sabemos ser o maior dos atributos de Deus. O amor.

Se Deus é a expressão máxima do amor, como é que poderemos encontra-Lo se não colocarmos em nossos corações tal sentimento? Não me refiro aos amores clássicos e intrínsecos de nossa vida - nossos cônjuges, filhos, pais, irmãos, amigos, etc. O amor que digo termos a necessidade de buscar para que possamos achar à Deus, é o amor que surge da caridade cega. Essa mesma caridade, filha tão querida e predileta do amor. É o ato realizado de coração em prol dos nossos semelhantes, principalmente aqueles que nunca vimos em nossas vidas. Podemos alimentar um amor por crianças pobres, a ponto de nos engajarmos em campanhas em prol desses infelizes irmãozinhos. Um ato como esse, além de lindo é quase que uma obrigação para nós, que gozamos de uma vida com relativos confortos. Mas, e quanto àqueles que nos ferem, ou atingem de forma malévola aos nossos entes queridos? Ou até mesmo àqueles que não nos afetaram diretamente, mas que, por ciência de brutalidades que cometem junto a outras pessoas nos causam repulsa e até um ódio desmedido. Quanto não escutei sobre aquela infeliz mãe que jogou o filho na lagoa. "A se eu pudesse colocar minhas mãos nessa mulher!". E o perdão? Onde entra nessa estória. Amor sem perdão, amor sem caridade, pode ser amor, mas é extremamente precário.

Portanto, se quizermos encontrar à Deus, devemos primeiro preparar-nos para tal. Quando encontrarmos dentro de nós a essência da nossa criação, ou seja, a luz que Deus nos deu, que chamamos de alma - ou espírito - limpa, assim como Ele nos deu, encontraremos ao Pai, pois, para encontrar o Amor, como já disse, precisamos aprender a amar.

Nesse caminho, sempre será muito salutar toda e qualquer forma de adoração que possamos seguir. Sejamos católicos, evangélicos, umbandistas, protestantes, enfim, nada disso terá valor se não promovermos nossa REFORMA ÍNTIMA, se não direcionarmos nossos passos no cultivo do amor fraterno e irrestrito, a todos, sem distinção.

espírito do mar - 24 de fevereiro de 2006.

espírito do mar
Enviado por espírito do mar em 24/02/2006
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