PERDER DÓI.

Há dias que a gente gostaria que não tivessem acontecido. São daqueles que, de alguma forma, nos deixam marcas que não se podem apagar. A gente até tenta esconder lá bem no fundo da memória, mas não adianta. A cicatriz está sempre à vista, forçando-nos a lembrar de tudo. É assim, principalmente, quando se perde alguém. E quando é alguém a que amamos muito, então, a dor parece latejar dia e noite e, só muito tempo depois, alivia um pouco. Vai ficando menos intensa, mas jamais some.

A verdade é que aprendemos muitas coisas ao longo da vida, mas jamais a perder. Já descobrimos como dividir o átomo, já fomos à lua, já sabemos como curar inúmeras doenças graves, entre tantas outras façanhas. Talvez nossa primeira grande lição na vida devesse ser como conviver com uma perda, seja ela qual for. Sem isso, passamos a vida aos sobressaltos, à espera do momento da próxima perda. E o pior de tudo é que temos consciência de que ela, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer.

Enquanto isso, vamos perdendo tempo, vamos desperdiçando oportunidades de demonstrar aos outros o quanto eles são importantes para nós. “Eles vão estar sempre ali, por perto” pensamos equivocadamente. “Outro dia vou lá, outra hora posso abraçá-los e dizer o quanto é bom tê-los por perto” imaginamos, até o dia em que isso tudo nunca mais vai ser possível.

Perder faz sofrer demais. Mas o sofrimento pior talvez seja o da certeza de que algumas perdas são para sempre. Essas nos acompanham pela vida toda. Pode ser que doam menos um dia, mas vão doer para sempre. Perder dói.

Everton Falcão
Enviado por Everton Falcão em 07/09/2008
Reeditado em 13/10/2013
Código do texto: T1166622
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