Nostalgia

Na primavera, toda cidade transforma-se num lindo colorido. Na velha praça, toda arborizada, reúne-se os idosos, para suas conversas saudosistas, creio ser uma maneira de passar o tempo. Afinal relembrar grandes feitos de suas histórias de vida é de certa forma prazeroso.Antigos conhecidos.Ali nasceram seus filhos,netos,bisnetos, enfim famílias tradicionais,com costumes sem desgastes do tempo,contrário passados de geração á geração.É admirável vê-los,pois é uma amizade que atravessou décadas,com respeito,lealdade e fidelidade.Conheço quase todos por sobrenome,estranho mas poucos se conhecem por “nome”.Descobri ao longo do tempo,que essa característica realmente faz a diferença.Pois aí vem a importância dada a “tais” e “tais” família.

Vivi nesse meio, toda minha infância, adolescência e boa parte da fase adulta. Quando vim pra outro Estado,entristecia e na sabia os porquês.Mas com o passar do tempo descobri.Aqui não existe a praça acolhedora,arborizada,com os idosos e seus “causos”.As pessoas tem nome.Sobrenome?Não há interesse por isso. Digamos “forasteiros” e passei a ser incluída nesse rol de “forasteiros”. Gradativamente minha alma sentia fome e sede de ter meu sobrenome.Por costume talvez,ou por insensatez ou por sensatez,nunca na verdade soube avaliar.Apenas diante de meus olhos incrédulos vi que o caráter,a lealdade,fidelidade,estavam vinculados a bens materiais,tudo adverso do que até então conhecera.

Ouvi certa feita, uma frase que considerei repulsiva aos meus ouvidos: ”Detesto, tenho nojo de famílias quatrocentonas”. Calei-me e fiquei a pensar: nos diversos motivos que fazem as pessoas viverem entorno de bens materiais?Seria essa a regra da nova sociedade?Seria uma forma de se fazerem importantes como “forasteiros”?Ou será que era falar aleatoriamente, simplesmente porque desconhecia o viver que eu conhecera?Questionei cá com “meus botões” muito tempo. E confesso nunca entendi e tão pouco compreendi.

Sinto falta da família “Silva”, ”Correia”, ”Oliveira” e de tantas outras. Me era agradável aquele estilo de vida.E tenho uma certa certeza de que na houve transformação na sociedade mas sim nos aspectos culturais de um Estado para outro.É o que me satisfaz!

Sandra Almeida
Enviado por Sandra Almeida em 09/09/2008
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