MÃE MODERNA

Minha amiga Sonia Regly tem um blog(*) maravilhoso que nos obrigada a pensar e refletir sobre coisas importantes.

Hoje li na sua página um texto que fala das alarmantes pesquisas sobre os Jovens brasileiros. As estatísticas são assombrosas.

Não sou especialista no assunto, nem pretendo, mas, como em tudo adoro colocar meu "bedelho", vou deixar aqui um pouquinho de mim.

Tive uma criação rígida, sem meios termos. Minha mãe dizia o que era certo e pronto. Não havia questionamentos.

Existiam duas classes: os adultos - aqui entram todos que fossem mais velhos que eu e, por tanto, donos de conhecimento e da razão - e, do outro lado, EU - criança, mais novos, jovens, etc.

Existiam normas de conduta e respeito inabaláveis:

- tudo que não soubéssemos recorríamos aos “conselhos dos mais velhos”. Em caso de perigo, a ordem era sempre a mesma: procure sempre por um policial.

- pessoas de bem não roubam,não matam, estudam, trabalham e formam famílias.

Quem ultrapassasse esse "limite" era rebelde.

Tornava-se uma pessoa "não grata" e deveria ser riscada do convívio pessoal. Ai estavam incluídos os que furtavam pequenas coisas; os que cabulavam aulas; os briguentos; os que respondiam para os professores e os usuários de drogas: cigarros, bebidas e maconha.

Autoritarismo?

Não sei. Funcionava para minha família.

Comecei a trabalhar aos 15 anos, estudei e me casei com um homem responsável e trabalhador que teve a mesma criação que eu. Tivemos dois filhos.

Nesse meio tempo tudo mudou.

Muitos já escreveram sobre essas mudanças, vou repetir aqui trechos de textos que guardei na mente por dizerem exatamente o que observei e vivi na pele.

Com meus filhos, se eu quisesse, poderia contar com o auxílio de terapeutas, pedagogos, orientadores escolares e profissionais multidisciplinares.

Tudo isso para não lhes dar a mesma educação “tirana” que recebi.

Essa nova geração agora podia contar com os Direitos Humanos e os Direitos dos Menores e Adolescentes. O trabalho antes dos 18 anos passou a ser violência.

Filhos ajudarem no trabalho de casa passou a ser desrespeito. Jovens e crianças ganharam o direito de questionar e impor suas opiniões de igual para igual com todo o "mundo adulto". Doutrina religiosa passou a ser preconceito.

Educação cívica passou a ser "careta", e muitos nem sabem cantar o Hino Nacional. Fumar e beber junto com os pais passou a ser interação igualitária e familiar. E meu filho de 16 anos faz questão de votar esse ano.

No meu caso, tive que fazer escolhas. Mantenho as bases e me adapto as “modernidades” - disciplina e diálogo.

Mas em termos de mundo como ficamos? Que escolhas os adultos estão tendo para lidar com esses jovens?

E os professores, muitos têm a minha idade e outros tantos já são frutos dessa geração “mutante”.

Será que nós, a sociedade, não estamos acuados sem saber como lidar com o que “criamos”?

Com a Graça de Deus, até aqui os princípios bíblicos - orientação das escolhas que fazemos/causas e efeitos - fazem parte da conduta da minha família.

Mas o mundão está aí. Quando eles saem oro para que Deus os livrem das garras dos marginais e dos policiais corruptos.

Torço para que estejam em um lugar que possam sacar do celular - que esse tenha bateria – e que se lembrem de ligar pra mim, antes de falar “com qualquer” estranho na rua.

E fico com o coração nas mãos e me sentindo antiquada, principalmente, quando me pego desejando estar vivendo HOJE exatamente como eu vivi com meus pais.

texto: baseado em opiniões de vários autores.

(*)compartilhandoasletras.blogspot.com

Etelvina de Oliveira
Enviado por Etelvina de Oliveira em 09/09/2008
Reeditado em 10/09/2008
Código do texto: T1170162
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