Mais Vento.
Pego carona nos ventos de Malu e de Zélia para retornar. São ventos lindos os que elas descreveram. Cores delicadas como as suas donas. Um vento azul; o outro rosa.
Ventos são bens adquiríveis? Os poéticos são. Os das meninas aqui citadas são delas, mas também são nossos que os lemos e gostamos. Eu me apropriei deles e tenho certeza que elas não vão achar ruim. Sabem que gosto do vento. Sabem que preciso deles para me impulsionar.
Não se trata de plágio, que não sou disso. Na verdade o vento agora é meu também. Ele acaricia as minhas costas nesse exato momento. Não tem cor ainda. Eu só sinto sua presença suave soprando a minha pele.
O mesmo vento que nessa época do ano invade as casas potiguares derrubando tudo, agora é suave e bem-vindo. Ele vem me acalentar, eu sei. O calor já toma seu espaço por aqui e todo vento é bem-vindo.
Se fechar os olhos posso até vê-lo agitando as ondas do mar. Lá na praia ele entoa um canto mais bonito ainda, mas estou a alguns quarteirões.
Sinto-o mais forte, porém é gostoso. Para falar a verdade está sendo ótimo prestar atenção ao vento noturno que vem lá do mar, das dunas, sei lá.
Ontem me disseram o motivo pelo qual esse vento daqui é especial, mas já esqueci. Não importa. O que eu quero é me entregar ao vento e deixar que ele entre na minha alma.
Além do carinho, bem que ele poderia colocar ordem por aqui. Ah, vento não ordena. Lembrei. Contudo, faz festa quando na medida certa e ajuda a navegar. É disso que preciso. E não sou precisa em nada.
Tá bom, ele, o vento, é necessário agora, como viver e navegar, recordando o poeta que gosto e que Zélia costuma me presentear com seus versos.
Eu faço preces ao vento, apesar da noite ter chegado e da alma ser vil, como cantou o mesmo poeta luso.
Obrigada, meninas!
Evelyne Furtado. 22 de setembro de 2008.