Pensamentos orfãos.

Quarta feira passei frente ao computador o dia inteiro, sedentário que só, cabeça cansada de tanto pensar, raciocinar, olhos cansados de tanto forçar, concentrar... Mais tarde, dormi profundamente meia hora, levantei quebrado, resolvi os últimos problemas de internet e decidi dar um rolé de bicicleta. Isso pelas 8 horas, pedalei e fui encontrando amigos pelas ruas, mas a vontade era ficar sozinho, deixando os pensamentos ficarem ao vento, unidade era preciso no momento, só eu só no mundo. Subi aos pinhos da caixa d'água do morro do padre, tudo praticamente invisível, a lua estava escondida e amenizava minimamente a escuridão. Sozinho, eu pedalava ouvindo alguns sons urbanos e barulhos da bicicleta que é meio "calanguenta". Ao descer o morro, tudo com certo cuidado e seguindo o instinto, cheguei onde o chão de terra era coberto por folhas escuras de pinho, sensação de andar no espaço, de não ter chão, nem frente, nem trás, já que meus olhos não podiam ver nada ou quase nada. Aí era só eu só, desejo realizado, a espaçonave (bicicleta), uns fragmentos do céu e mais nada. Fui abandonando os excessos reflexivos pelo caminho escuro, tudo que podia, os pensamentos inúteis ficavam, eu os deixei largados entre medos, adrenalina, breu, terra e árvores.

Ao chegar na rua iluminada da praça do morro do padre, um sentimento de puro, limpo, o mundo mais leve, ele nem era mais uma bola maciça cheia de lava, agora uma bola de circo que flutuava no espaço...

E assim reaprendi a brincar com este mundo, como se deve reaprender sempre. Amanhã e amanhã e amanhã faço de novo, de um novo jeito, igualmente diferente, até o fim do meu sempre!

Enzo Pinho
Enviado por Enzo Pinho em 26/09/2008
Reeditado em 28/01/2009
Código do texto: T1197121