PERSPECTIVA

Ando pelas ruas e vejo pessoas.

Dois braços, duas pernas, duas orelhas, dois olhos, um nariz, uma boca

Ando pelas ruas e vejo pênis e vaginas, cabelos, barbas, bigodes, cilios

sobrancelhas.

Ando e vejo carros, dinheiro, cartões de crédito, vejo ganância e ambi-

ção, vejo inveja e ódio, descaso e adultério, vejo violência e tráfico de

drogas, cães abandonados, vejo campanha política, organismos vivos-

vegetando nas sargetas.

Ando e vejo ruas e avenidas, casas e edifícios me canso e vollto para

casa no fim de tarde exausto.

Sento-me em frente a tv e vejo mais crimes, mais tráfico, mais adulté-

rio, mais pessoas, e ouço música e vejo videoclipes, assisto o jornal.

E volto pra ruas em mais um dia de deesperança, e ando pela vida pas-

so pelos dias e tanta coisa me faz falta. Me falta ver olhos nos olhos,

e beijos ardentes de amor, falta ver pessoas falando para outras eu

te amo.

Ando pelas ruas ansioso para ver solidariedade, fidelidade, ver paz, ca

rinho. Ando pelas ruas e necessito ver sorrisos de felicidade, apertos

de mãos, muito obrigado, ver abraços apertados, gentileza.

Preciso ver desesperadamente amizade nos rostos, boa vontade, preci

so ouvir bom dia como vai? Até logo. Preciso sentir nas pessoas os se-

res humanos.

Preciso voltar a acreditar que vamos ter um mundo mais justo não per-

feito porque perfeição não existe, mas um mundo preguiçoso, descom-

promissado com o amanhã, se desvencilhando do ontem, vivendo o ho

je protelando o já, o agora.

Preciso de outro mundo ou melhor, de outra gente substituindo pesso-

as, preciso urgente, desesperadamente dizer...Eu amo você, conte co-

migo!

Preciso saber que vamos vencer o preconceito, que vamos nos ver a-

manhã com igualdade.

Preciso saber que vamos conseguir voltar para casa, que vamos olhar

nos olhos de nossos amores, acordar de manhã e vê-los respirar, abrir

os olhos e levantar para a vida mais uma vez.

Preciso ter certeza do amanhã, que vamos ter futuro, preciso de expec

tativa de que o mundo vai existir amanhã!

Renato Cajarana
Enviado por Renato Cajarana em 06/10/2008
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