TENTANDO PUXAR CONVERSA
Não sei ao certo de onde aquela menina me conhece e apesar de eu não saber seu nome, ela sabe o meu, fazendo questão de me cumprimentar todas as vezes que passo por aquela rua. Sempre tenho a impressão de que ficaremos apenas com o dizer de “ois”, no entanto, a menina sempre se volta para mim e aborda-me com a mesma pergunta...
Não penso que ela repete a pergunta por ter esquecido a resposta, penso que, talvez, esta foi a maneira que encontrou para puxar conversa. E como ela me puxa para a conversa, eu me esforço em ir e permanecer. Respondo as simples e apenas curiosas perguntas e, em contrapartida, pergunto outras simples e também apenas curiosas perguntas, a fim de tentar estabelecer o diálogo.
Às vezes, detenho-me para estas nossas ligeiras conversas, outras vezes, ela me acompanha por alguns metros, contudo, da mesma maneira inesperada com que me aborda, a menina interrompe a conversa, se despede e vira a esquina ou, simplesmente, volta para suas brincadeiras.
Depois, sigo meu caminho, sempre pensando, ou melhor, imaginando: “Qual o querer da menina?”
Para ser sincera, não sei se há algum querer, que não seja apenas o querer de desejar trocar algumas palavras com quem passa pela rua e se eu passo por ali, então, por que não puxar conversa comigo?