Igualdade, liberdade e fraternidade?

A revolução francesa, que iniciou em torno de 1789, acabou com a servidão e os direitos feudais, proclamando os princípios universais de “Liberdade, igualdade e fraternidade” (Russeau), baseada nas idéias iluministas. O iluminismo, por sua vez, admitia que a humanidade fosse capaz de tornar o mundo melhor, através da introspecção, do livre arbítrio do homem sobre suas capacidades e do engajamento político-social. No entanto, o que os ideais revolucionários daquela época têm a ver com os dias de hoje? Resposta simples: tudo. Se cada pessoa exercesse o seu poder de pensar, de refletir e agir de acordo com suas capacidades, se todos lutassem pelo que realmente acreditam, o mundo em que vivemos seria muito melhor.

Vivemos sob um panóptico, segundo as idéias de Foucault, no qual os poderosos nos observam e nos induzem a agir como submissos. Sabemos que somos julgados a cada momento, como se o outro soubesse de nossas dores e sentimentos, os quais nem sequer nós mesmos somos capazes de julgar às vezes. E é essa sensação de poder ser julgado e punido a cada instante que nos leva a buscar a normalidade, a nos adaptar ao senso comum para sermos aceitos.

Enquanto isso, a mídia nos massifica, nos incentiva a sermos iguais. A globalização homogeiniza a cultura. A propaganda vende o ideal do mundo perfeito através da riqueza material. Os padrões comportamentais e estéticos valorizam muito mais a imagem e o poder aquisitivo que o bem-estar e os verdadeiros sentimentos.

Diante disso, nos cabe assumir uma visão mais crítica sobre os fatos e sobre nossas próprias atitudes, a fim de definir o que realmente somos, o que gostaríamos de ser e o que podemos fazer para mudar tudo isso. Não falo em revolucionar o mundo de um momento para outro, mas sim, de adotar uma postura diferente, mais “pensante” e menos acomodada e consumista. Recriar a cultura, rever nossos próprios conceitos. Amar a si mesmo e ao outro. Saber que podemos, sim, mudar a realidade à nossa volta, sem perder a liberdade. Sermos fraternos e solidários. E com isso, nos tornarmos iguais.

“O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado.” Há um pequeno número de homens e mulheres que pensam por todos os outros, e para o qual todos os outros falam e agem. (Jean Jacques Rousseau)