Perdidos na Amazônia
 
          Verdade!

         Aconteceu numa manhã de março do ano 2000, bem cedinho.
 
         A Reserva Florestal Adolpho Ducke, próxima a Manaus, possui uma riqueza vasta de espécies vegetais e animais.
 
         - Os besouros, então, são encantamentos de encherem os olhos de qualquer um que ama de verdade a natureza.
 
         Mal dava pra ver os raios de sol. Tudo tinha que estar pronto e as equipes deveriam partir em rumo, na direção da Hiléia Brasileira. Fazíamos parte de um grupo de pesquisadores de elite.
 
         - Assim dizia um velho e experiente professor.
 
         No curso de Entomologia (ciência que estuda os insetos) - no Inpa* - éramos exemplos em dedicação e organização.
 
         - Tudo tinha que sair perfeito.
 
         Naquele dia, apressadamente e muito ansioso acordei Ingrid, uma colega colombiana e logo em seguida montamos as armadilhas de iscas com fezes humanas, específicas para escaravelhos.
 
         - Os besouros mais belos são atraídos por esses tipos de trampas.
 
         Em marcha seguimos sozinhos e nos distanciamos substancialmente do acampamento e adentramos na floresta.
 
         - O amanhecer, tão belo, disfarçou a chuva que caiu em seguida. É muito comum intempéries em qualquer época do ano.
 
         No meio do mato, eu e a jovem pesquisadora, não nos damos conta de que estávamos nos afastando cada vez mais da borda da mata.
 
         Seguimos com o experimento:
 
         - dez metros pra cá e anota; dez metros pra lá e anota. Por fim nos perdemos.
 
         Completamente desnorteados e completamente perdidos em território de serpentes e onças pintadas, sequer achávamos as fedidas armadilhas.
 
         Depois de algum tempo e guiados pelas frestas do sol que surgia tímido e penetrava pelo dossel, encontramos o nosso caminho.
 
         Chegamos ao acampamento e tudo voltou à rotina.
 
         - As outras equipes haviam desistido da missão.
 
         No dia seguinte, como resultado da coleta, fomos contemplados com os besouros mais belos da coleção.
 
 
Dedico a minha colega e amiga Ingrid Quintero.
 
Foi um dos momentos especiais do curso de Mestrado em Entomologia do Inpa*: 2000-2002.
 
*Inpa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
 
 
(Imagem: acervo do autor)