APENAS UMA BONECA

Nas ruas encontramos muita gente, inclusive, gente com jeito diferente da gente

– Alguém poderá até mesmo achar que (essas pessoas) não têm jeito de gente.

Algumas vezes, entre tanta gente “diferente”, encontro uma mulher (não saberia definir com precisão sua idade, talvez 30 anos). Oriunda de um bairro nas proximidades de onde moro.

Anda sempre com uma boneca nos braços, aparentando ser muito mais cuidadosa com a boneca do que certos pais com os filhos menores.

Fico imaginando como tudo começou – quando, onde e porque aquela mulher teria desenvolvido esse costume???

Certamente, nenhuma dessas pessoas (que achamos diferente da gente), ficou assim sem um motivo “lógico”...

Algum leitor poderia interromper esses devaneios questionando:

“Era só o que faltava (?!): “gastar tempo por causa de uma desmiolada que anda nas ruas com uma boneca nos braços (...)”

Olha: por causa do excesso de "seriedade" de pessoas "importantes" - que estão realizando uma grande "obra", (que não podem gastar tempo com assuntos “sem importância”), ajudamos a construir uma sociedade desumana onde ex-namorados ou ex-“maridos” “seqüestram” a ex-cara-metade, humilhando-a até a morte...

Como encontrar uma solução à crise existencial,

Crise ética,

Crise moral,

Crise espiritual, etc.

Que assola o país e faz com que, a vida seja

Insípida,

Inodora e

Incolor

Sem recuperar a capacidade de preservar a ternura ainda que seja necessário assumir uma posição autocrática???

Acho que em nossa pobre e podre sociedade temos gente séria demais (conforme as regras sociais de araque) e faltam pessoas com coragem de assumir uma atitude mais saudável em busca de um mundo

Menos estressado,

Uma vida melhor,

Uma sociedade menos injusta,

Um sistema mais humano (no bom sentido)...

Não havendo disposição de caminhar nessa direção, continuaremos apenas cruzando com gente diferente, mulheres que poderiam cuidar dos filhos(e não o fazem), porque dão o melhor de si em função de UMA SIMPLES BONECA, nada mais...

Chagas dhu Sertão
Enviado por Chagas dhu Sertão em 20/10/2008
Reeditado em 26/12/2008
Código do texto: T1237852
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