Saúde é o que interessa!

Dia desses tomei uma atitude.

Depois de um bom tempo sedentária, uns bons quilos a mais, sem fazer atividade física nenhuma a não ser levar minha cachorra para passear, resolvi voltar à malhação.

Tomei esta importante decisão na minha vida, antes que resolvesse ser mais radical e quebrasse o espelho aqui de casa. Ou num acesso de raiva, jogasse a balança pela janela e acertasse algum passante lá embaixo.

Procurei uma academia próxima, com um preço que não precisei vender a alma para pagar e me matriculei.

Dia seguinte, como combinado, lá estava eu morrendo de sono, mas doida para começar a, literalmente, pegar pesado.

Meu professor mais parece um espião russo daqueles filmes antigos de James Bond.

Grande tipo 2 por 2, bem branco, olhos grandes e bem azuis, e careca. Ou melhor, cabeça raspada. Diria mais. Quero ser sempre amiga dele, nunca inimiga.

Mas ele é muito divertido.

Fica contando piadas para tornar os pesos mais leves, digamos assim, e a malhação menos chata.

Primeiro aparelho que ele me colocou.

Era só levantar um peso com a perna, sentada e segurando nas laterais do aparelho.

- Professor! Tá muito pesado. Tira um pouco do peso.

- Mas está no mínimo!

- Putz! Tô tão mal assim??

Mudo...

Segundo aparelho:

- Neste você abaixa e só usa o peso do seu corpo.

Pensei com meus botões, ah bom, é só abaixar segurando o peso do meu corpo, e com uma placa de metal encaixada nos ombros? Tranqüilo! Vou me esborrachar, mas tudo bem.

Terceiro aparelho:

- Neste aqui você empurra a placa de metal com a força das suas pernas.

- O quê? Força? Que força??

Agora é que a placa de metal se esborracha em cima de mim.

Quarto aparelho:

- Agora você... Sabrina? Você está bem?

Muda... Apenas um sinal de sim com a cabeça. O fôlego foi para o espaço!

- Neste aparelho você encaixa as pernas aqui embaixo, curva seu tronco prá frente e segura com as duas mãos mais à frente. Depois levanta o peso com a perna.

- Deixa comigo! Uhuuu!!!

Depois de me ajeitar na posição correta, agradeci à Deus por não ter homem nenhum atrás de mim. Ia ser muito constrangedor qualquer ser humano me olhando, na posição que eu estava, com a bunda para cima, parecendo pose de garota da Playboy.

Algo que eu não tinha pensado.

Na academia, as pessoas precisam abrir mão de qualquer pudor.

Você abre as pernas, fecha, levanta a bunda, fica em posições que mais parecem saídas de um livro de Kama Sutra.

Mas tudo bem.

Tudo pela saúde e por um corpo mais decente!

Depois do quinto aparelho eu já estava me sentindo uma malhadora de carteirinha.

Dei bye bye ao meu professor com cara de espião russo e fui embora bem felizinha.

Quase sem conseguir respirar, mas bem feliz!

Afinal, saúde é o que interessa, e o meu corpo tem pressa...