INVEJA

Quero fazer uma pergunta a vocês escritores e também meus caros leitores. Alguma vez ao lerem um texto, um livro, um poema de autoria de outra pessoa, já sentiram aquela pontinha de inveja? Aquela inveja assim: Puxa! Por que não pensei nisto antes. Caramba, era isto que queria escrever.

Pois bem, confesso aqui em primeira mão e também na mais pura honestidade, que às vezes ao ler um texto bem escrito, com idéias novas, com pensamentos inéditos, com histórias inesquecíveis, que eu já senti aquela fisgada de inveja, sim.

Não sei se é digno de vergonha este sentimento. Mas também não acho que é um sentimento nobre. Mas só sei que sinto. Sinto, por não saber escrever tão bem quanto gostaria. Sinto, por ler, ler, ler e ainda não saber escrever.

Cresci ouvindo que para escrever é preciso ler. Acredito nisto. Realmente para escrever bem é necessário ter um bom vocábulo, ser capaz de empregar corretamente as normas gramaticais, conhecer do assunto ao qual pretende relatar e ser dotado daquela pitada de talento. Mas como é que tem pessoas que conseguem tocar num assunto tão falado de modo tão original? Revelo novamente outra fração de inveja.

Precisamos ativar a mente, as idéias e para isso precisamos ler. E é novamente aí que a inveja dá outra vez a cara. Encontramos-nos naquele momento de inércia, onde o cérebro esta totalmente indolente e nos deparamos com aqueles textos divinos, consagrados, harmônicos e que não são nossos. Não é de matar? Você complemente improdutivo, naquele ócio danado, lendo um livro coerente, agradável e que não é de sua autoria. É para morrer de inveja.

Não me entendam mal, meus amigos escritores, não desejo seus textos para mim, apenas gostaria de escrever assim como os senhores e as senhoras. Como alguns profanos dizem, é aquela inveja “boa”. Será que existe mesmo essa inveja “boa”? Não sei responder, mas acredito que muitos de vocês já sentiram essa inveja “boa” ao lerem um texto.

Não quero desrespeitá-los, não quero magoá-los e muito menos acusá-los de sonharem com plágio. Apenas quero explicar que este sentimento de querer ter sido o “pai” de uma idéia ocorre com a maioria de nós, ou melhor dizendo, ocasionalmente ocorre comigo quando leio obras que me prendem a atenção.

Quem de nós um dia nunca pensou em ser um Machado de Assis? Quem nunca pensou em escrever uma obra na proporção de “Dom Casmurro”? Quem nunca fechou os olhos e pensou em fazer parte da ABL? Esta é a inveja... Esta inveja é assim um sonho. O meu sonho.

Rafael M Menezes
Enviado por Rafael M Menezes em 29/10/2008
Código do texto: T1253622
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