Não, têm coisas que se alguém contasse eu não acreditaria. O sujeito botou abaixo o Seu atelier, lindo, telas belíssimas, cavaletes, ensaios, gravuras, tudo. E por quê? Porque eu terminei o romance mais morno que tive na vida. Porque antes seus sentimentos iam todos para a arte, segundo ele, e bastou me “perder” para descobrir o quanto me amava. Eu tenho que rir pra não chorar.
Nunca uma palavra de amor, nunca um gesto mais doce. As gentilezas de praxe, lógico, mas nunca um tocar de cabelos, um beijo daqueles de estremecer o chão. Agora mil promessas! Se eu mesma escrevi aqui que ninguém muda ninguém, ele prometendo mil mudanças. Lá quero saber de mudanças?! Me apaixonei do jeito que eras, meu filho.
Passa a virada do ano comigo e diz ter sido uma das melhores de sua vida, depois vejo num e-mail para uma moçoila que seu ano começou mais ou menos, e só dependia dela para ficar ótimo. Dona Lu agüenta, leva na esportiva. Aliás, dona Lu adora levar na esportiva... rs.
Até que dona Lu de repente, assim do nada, começa a trocar uns e-mails bem bonitinhos, com um certo moço bem bonitinho, e vai deixando um pouco de lado o seu pintor bonitinho e sua nada bonitinha falta de romantismo.
E dona Lu, como não sabe enrolar, conta tudo ao sujeito. Um tudo que na real, não é Nada, mas era preciso contar. Pronto!!! Ele caiu de amores. Telefonemas, surpresas, e-mails, tudo o que não era, passou a querer ser. Mas é o tal negócio “quem não quer quando pode, não poderá quando quiser”.
E a vida ia seguindo.
Até o telefonema desta manhã. “Passa lá no atelier, um instante?”. Como eu tinha umas coisas pra fazer na rua, fui. E que choque eu tomei! Tudo no chão, até a placa da frente ele tirou. E tinha telas ali que foram feitas por nós dois, que de vez em quando arrisco umas bobagens com as tintas. Tudo. Absolutamente tudo no chão!! “Ah, o meu amor por você é maior que isso tudo”. Amor??? Isso é amor???? Se esse é teu jeito de amar, te ferraste meu amigo, ficaste sem tuas lindas telas. E definitivamente ficaste sem mim...