Outro dia no mercado ...

Cheguei em casa cansado mentalmente, após mais um dia naquele escritório fatídico e morno. Também pudera. Mas, minha esposa não me permitiu esquecer de acompanha-la ao mercado e fazer a famosa "compra do mês"... Ela tinha razão; estavamos quase vazios.

Há um super-mercado de nossa preferência (ou dela?), que vamos com frequência sempre que preciso. Eu particulamente odeio aquele mercado; os corredores são muito estreitos e o tempo todo tenho que me dirigir às pessoas:

- Por favor? Posso passar por aí?

Afinal sou o motorista do carrinho e se ficar para trás minha senhora fita-me com olhos estranhos ( Não gosto daquele olhar).

O ato de fazer compras é muito chato e eu já estava enfadado com mais aquela vez: Carrinhos, corredores apertados, crianças batendo em meu carrinho e gritando: " Mãe!!! posso levar?"... Não via a hora de acabar a compra.

Finalmente o carrinho já estava cheio e nos dirigimos para o caixa... Fila, comentários na fila... Meu Deus! Isso não vai acabar?

É de se perceber que eu não estava contente naquele lugar, embora feliz em poder estar lá. Estava na verdade amargo por causa do aperto que se faz no meu peito quando vou fazer esse tipo gasto; muita gente precisa também, eu sei.

Como se ouvisse meu pensamento nessa hora, minha mulher, descarregando o carrinho enquanto eu empacotava as compras, disse:

" Meus pais sempre colocavam o mais importante na frente". Eu completei:

- Os meus também. Acho que é coisa natural nos dias difíceis...

A moça do caixa inevitavelmente ouviu esse pequeno diálogo e soltou...

- Espero o dia em que todas as pessoas possam colocar todas suas compras nessa esteira... E baixou o olhar.

Fiquei com olhos marejados e continuei empacotando nossas compras em silêncio.

Douglas Oliveira
Enviado por Douglas Oliveira em 02/11/2008
Reeditado em 02/11/2008
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