A PÍNGUELA, A CERCA E ... A ESTACA!

Sou um “Barranqueiro” nascido nas margens do Rio Jequitinhonha, na divisa de Diamantina com Serro, nas Minas Gerais.

Dentre as coisas mais singulares que a minha infância registrou, foi o fato das pessoas, usando o Vau do grande rio, na época do estio, atravessá-lo por meio de Pinguelas (Paus sobre pedras e estacas, com bambus e galhos de paus para o apoio das mãos e do equilíbrio na travessia). Assim que, os volumes das águas com as enchentes, chegavam às Pinguelas, Elas eram arrancadas e levadas para longe e, para a travessia do rio era preciso ser um nadador capaz; as crianças, quando tinham que irem para a outra margem, eram levadas em bacias conduzidas por eméritos nadadores.

Com o inexorável passar dos anos, a minha família mudou-se para Diamantina. Num certo dia, indo a um circo, ainda jovem, notei que um grande Elefante estava preso a uma estaca, enterrada num gramado, com uma corrente no seu pé traseiro, tanto a corrente, quanto a estaca era frágil em relação à robustez do animal, todavia, Ele se limitava a ficar rebolando nas patas sem procurar a fuga.

Ao ver o elefante contido pela corrente e a estaca, me lembrei de ter visto, na roça, muitas vacas e touros, também, contidos por cercas de arames farpados e moirões débeis em relação à força contida daqueles animais que, mesmo assim, permaneciam cercados.

Depois de chegar à idade senil, tendo me ilustrado pelo empirismo, com base na maturidade adquirida, passei a criar livros (mais de 20 volumosos) Textos e poesias (mais de 2.000).

Hoje, me recordei das minhas observações juvenis (Pinguela, Cerca e Estaca, a cercarem, fragilmente, a potência dos Elefantes e do gado Vacum) RESOLVI efetuar uma analise evolutiva, até os tempos atuais, a respeito daquelas circunstâncias, chegando as seguintes conclusões, em forma de tópicos:

—Ao, em vez de fazerem Pinguelas para serem destruídas pelas enchentes, bastaria colocarem dois cabos de aço nas partes mais estreitas do Rio e, neles, agruparem cadeiras, devidamente seguras para a travessia.

—As frágeis Estacas e correntes, só seguram os Elefantes, em razão de eles serem contidos, assim, desde quando era pequeno e, ao chegarem à idade adulta, por força do hábito, não usarem a força em sua totalidade, acreditando não serem capazes de romper o ligamento débil.

—O Gado, quando jovem, tivera o couro picado pelos arames da cerca e, ao crescer, a lembrança continua e, Ele, não sabendo a força que tem, se julga incapaz de enfrentar as cercas, além disso, a visão do gado vacum vê cada arame da cerca com largura exagerada!

Com a maioria dos seres humanos acontece igual ao dos animais referidos, a saber:

—Praticam o plágio, em relação às Pinguelas, comprando ou construindo ás suas moradias nas margens dos rios, debaixo de barrancos e nos morros de terra “fraca” que, quase sempre, são destruídas pelas enchentes e deslizamento dos barrancos.

—Em qualquer problema que lhes façam frente, ao em vez de analisarem os prós e os contras e, o seu âmago. Aceitam, resignadamente, o infortúnio, sem encontrarem uma válvula de escape para o seu resguardo, tal e qual o Gado Vacum contido por uma débil cerca, sem tentar a força para rompê-la!

—Controlados, desde a infância, pelos ditames de outras mentes, paternais, eruditas ou, não! Prosseguem pela vida a fora, seguro por “Estacas”, exatamente, por não saber, Delas, extrair as arestas defectíveis, moldando-as ao seu “modus-vivendi”. Dessa forma, vendo sem ver e, obedecendo sem ter consciência da correção da instrução recebida de outros.

Enquanto o ser humano não tomar posse de si mesmo, Ele será um mero fantoche sendo moldado e dirigido por outros mais sapientes do que Ele! Tal posse, não poderá ser despótica e, sim, abalizada pela análise de tudo o que lhe seja apresentado, porém, sem prejudicar ao seu irmão de jornada, a usando, apenas, para a sua defesa, sem nenhum ataque a ninguém.

Os nossos Superiores, em qualquer ramo da vida, têm que serem respeitados e obedecidos! Todavia, dentro da legalidade idônea e, sem forcejamentos das “Estacas, Cercas e Pinguelas”. Pois, assim ocorrendo, Eles não serão superiores e, sim, Carrascos e Arbitrários!

Sebastião Antônio BARACHO.

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