O QUE VOCÊ FOI FAZER NO VELÓRIO

O Paulino ao chegar na porta. Veio nele um arrepio.Olho para as visitas e nos olhos delas sentiu mais frio.

-Olá, Cibele! Escuta só o gelo!

Na cozinha agora estudam a hora do enterro.

A fernandinha falou que a tarde fosse bem melhor.ficando mais bonito.Claudiana com seu filho no colo dormindo concordou.A fumaça do cigarro de eu marido ia bailar bem em cima da caixa fúnebre.

Uma das biatras omeçou a segunda volta do terço.

- Ave Maria, cheia de graça, o Senhor...

Escutavam riscos de foice nos paralelepípedos da Rua São Sebatião. Passavam os cortadores de cana ao trabalho naquela madrugada roxa.

-...da nossa morte.Amém. Pai Nosso que estais no céu... O Fabrício quis fechar com o Tardeu uma aposta de cinqüenta centavos.

- A gente vai contando as lojas que fecham a portas. Mais de cinco você ganha. Menos, eu.

Mas o Tardeu não quis: os lojistas esquecerão de fechar as portas quando o cortejo estive passado pela Rua do Comércio, mas o sino da igreja de Santo Antonio tocará triste.

- ...de todo o mal. Amém.

Quatro.Cinco horas já vem mais uma manhã camelense.

- Ai, Nossa Senhora! Ai Nossa Senhora!

Dona Anastácia descabelada chorava e enfiava o lenço na boca. O caixãozinho cor-de-rosa (Dona Anastácia gritava).

A Fernandinha levantou-se e foi tirar as moscas do rosto do anjinho;

e o Paulino deu um abaço naquela que chorava.

Lúcio Mário
Enviado por Lúcio Mário em 08/11/2008
Reeditado em 10/11/2008
Código do texto: T1272557