Lamento Verde (Dia da Árvore)

Acreditamos que nenhum de nós precisa ser ecologista para ser assediado por sentimentos pessimistas, que nos levam a refletir sobre os riscos que corremos e as prováveis baixas que sofreremos, resultantes do desrespeito à Natureza.

A despreocupação com a explosão demográfica, o desmatamento, o lixo das indústrias, dos hospitais e das usinas nucleares, bem como o desperdício, causado por um consumo irresponsável, levarão, fatalmente, o planeta à exaustão.

Quando é que vamos ter a visão do planeta como um todo e deixar de empregar tanta energia nas lutas por propósitos tão pequenos?

Basta lembrar que:

para melhorarmos a temperatura de ambientes com os equipamentos de condicionamento de ar; para jogarmos, em borrifos, uma variedade enorme de produtos em “sprays”;

para nos mantermos irritados na direção de automóveis nos grandes congestionamentos; e

para saborearmos nossas picanhas e maminhas, abrimos uma verdadeira cratera na camada de ozônio.

Fazemos muito mais, objetivando expandir domínios e aumentar lucros: transformamos planícies em desertos, matamos os peixes dos rios e lagos, elevamos a temperatura do planeta e produzimos um lixo perigoso, que espalhará o terror por várias gerações.

“Otimismo Ecológico” é o apelo de uma árvore ao seu algoz e a todos os outros que se omitem , para que repensem seus comportamentos.

É, também, um aviso: se continuarmos nessa voracidade, numa visão otimista, só sobreviverão a barata e a formiga.

Otimismo Ecológico

Como podem

me tratar desse jeito,

na violência de beijos

com dentes de serras

e línguas de fogo?

Como podem

me tratar desse jeito,

pela lei do mais forte,

se no nascer, sou berço

e sou caixão na morte?

Como podem,

com o fogo da cobiça

e o gelo da loucura,

queimar quem, no dia a dia,

faz parte da própria vida?

Sou mais que fruto na mesa,

sou abrigo no frio e sombra no calor.

Dos lares, sou piso, teto, viga

e leito nos sonhos e no amor.

A essa sórdida ambição,

a essa omissão mórbida,

num planeta de desertos e solidão,

só resistirão a barata e a formiga.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 11/11/2008
Reeditado em 30/06/2012
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