O PEIDO: FIM DE CASAMENTO

Nascida em berço de ouro, linda, inteligente, doce, meiga, um emaranhado de ótimos adjetivos, uma mulher “perfeita”.

De gestos amenos, clássicos, nunca agressivos e muitos menos vulgar, de sua boca jamais saia um grito ou mesmo uma alternância de voz, mesmo em situações de êxtase total ou raiva.

Xingamentos, palavrões, sequer existia em seu vocabulário ou mesmo no ambiente em que vivia.

Porém, a vida, principalmente o amor tem razões que a própria razão desconhece.

Nascido num berço humilde, mas de dignidade impar, herdou duas características dos pais: o dom de negociador do pai e a sensibilidade da mãe.

Os pais desde o nascimento do filho tentaram dar a melhor educação e estudo ao rebento, pois como não tiveram esta oportunidade queriam resguardar um futuro melhor ao filho.

O garoto, ademais, além do talento e inteligência, era muito bonito. Da cor do pecado, jambo, pois o pai branco e a mãe mulata, cabelos levemente ondulados, corpo esguio.

Na escola se destacava, com as notas, o poder de negociação e convencimento e o sucesso com as garotas.

Criado solto, teve uma infância de recursos limitados, porém rica em liberdades.

Aos 16 anos começou o encontro com a vitória, ao arrumar um estágio na bolsa de valores. Dedicado, carismático, inteligente logo ganhou a simpatia de todos.

Aos 18 anos e maior de idade foi contratado por um escritório e aos 24 anos já tinha seu primeiro milhão.

Daí em diante tudo foi vitória, conquista e dinheiro, muito dinheiro.

Entretanto, jamais perdeu e negou suas raízes, de onde veio, como foi criado, dos pais, logo era comum e natural em casa, com amigos soltar um palavrão (porra) ou deixar as vontades naturais e biológicas aflorarem: um arroto ou um peido, este último sua especialidade.

Numa festa muito badalada, ele presente em sua elegância descontraída e ela linda e altiva, casualmente se esbarraram, onde não perdeu tempo para levar adiante o acaso e começar uma conversa que seguiu pela noite e terminou no altar 12 meses depois.

Felizes, exalando amor pelos poros, foram para lua-de-mel onde começou o motivo da separação.

Após uma noite de amor sublime , pegaram no sono e dormiram feito anjo até o dia seguinte.

Ao acordarem juntos, se beijaram, um bom dia, ele se levanta da cama e de costas solta peido dos mais altos e forte e segue para o banheiro.

Aquele gesto a faz ter ânsias e sem controlar vomitou no chão do quarto. Ao sair do banheiro se depara com a esposa prostrada no chão tentando, em vão, limpar aquela inédita e desconcertante situação, para ela.

Ela gaguejando aos prantos e tentando uma explicação só consegue chorar, mas ele a tranqüiliza dizendo que era normal e que chamaria o serviço de quarto.

No instante seguinte, com o calor aos pícaros vai até a geladeira e pega uma lata de cerveja. O primeiro gole para matar a sede acaba com toda o conteúdo da latinha de uma vez e sem pestanejar solta um arroto dos mais altos, que ecoa por todo o quarto.

Ela sem se controlar, novamente, sente ânsias, mas desta vez consegue correr até o banheiro para vomitar.

Num dia de sol, um final de semana, vão ao parque fazer uma caminhada, quando ele a chama: “amor, amor, escuta, escuta”. Ela tentar ouvir, mas em vão e de repente ele solta um peido dos mais altos e cai na gargalhada.

Após 6 meses de casamento, de peidos e arrotos, com aviso de chegada, ela decide pela separação e ao procurar o advogado da família que lhe pergunta o motivo, pois apenas 6 meses e parecia muito feliz e apaixonada ela diz: Ele peida muito.