Sentando a Pua

É interessante como apreciamos conhecer a origem das coisas. Existem pessoas que querem conhecer os seus ancestrais, as suas árvores genealógicas, até as raízes se for possível.

Da mesma forma, temos a impressão que todos gostariam de conhecer as estórias das letras ou das melodias de uma composição musical, ou de um livro, de um poema, ou de qualquer outra forma de expressão da criação humana.

Temos um amigo compositor que solicitou nossa ajuda para dar título ao CD que acabara de produzir.

O trabalho deste compositor normalmente é iniciado pela escolha de um tema, ou seja seus CD’s são temáticos. Escolhido o tema, seleciona entre as composições feitas às relacionadas ao tema e, caso o número não seja suficiente para a realização do CD, compõe as outras para completar o trabalho.

Ao nos solicitar ajuda, explicou que o CD tratava de críticas aos mais variados aspectos da sociedade: política, economia, mídia e críticas às anomalias da personalidade do bicho-homem. Ainda bicho, pois se encontra em processo de evolução para atingir estágios superiores, caracterizados pela superação e sublimação de sua parte animal.

Ao sermos apresentados ao CD e seu tema, entendemos que seu título deveria ser “Sentando a Pua” : uma expressão popular com significado de criticar forte algo ou alguém. Imediatamente lembrei-me que existiam outras expressões como: baixando a marreta; tocando o rebu; colocando na berlinda; botando a boca no trombone....

Alguns dias passados do envio da relação de sugestões de títulos para o CD, recebi os agradecimentos pelas sugestões e a comunicação de que o título escolhido havia sido “Botando a Boca no Trombone”.

Recebemos também a convocação para elaborar a letra para uma composição que representasse uma espécie de síntese do tema do CD.

Então, “Botando a Boca no Trombone” são rimas sem maiores preocupações e até mesmo irresponsáveis construídas para complementar e servir como “composição abre alas “ do CD de mesmo título, que tem como tema criticar algumas características do homem e da sociedade.

Botando a Boca No Trombone

Do jeito que está

não dá pra ficar,

não se sabe o que fazer.

Aqui uma enchente, lá um ciclone

e pro melhor acontecer

vai botando a boca no trombone,

e pro melhor acontecer

vai botando a boca no trombone.

Do jeito que está,

com educação reprovada,

política minúscula,

saúde acabada,

uma zorra maiúscula,

não dá pra ficar.

Do jeito que está,

com violência na rua,

justiça emperrada,

São Jorge na Lua,

a droga espalhada

não dá pra ficar.

Do jeito que está

não dá pra ficar

a não ser que,

com um piano, um saxofone

e rimas para esquecer,

se vá botando a boca no trombone,

se vá botando a boca no trombone,

se vá botando a boca no trombon

J Coelho
Enviado por J Coelho em 14/11/2008
Reeditado em 04/03/2021
Código do texto: T1282571
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