FILA!... FILA!...

Define-se “fila” como uma série de pessoas que se colocam umas atrás das outras, pela ordem cronológica de chegada a um ponto qualquer. Transcrevi esta definição de um dicionário, pelo simples hábito de consultá-lo, pois, na prática, sei muito bem o que é uma fila. E quem não sabe?

Sou capaz até de enumerar os principais tipos de fila.

Existe a fila reta, aquela que depende da extensão linear do quarteirão; a fila sinuosa, tanto mais sinuosa quanto menor o recinto que a abriga; a fila seccionada, que dá a impressão de que começa na porta do estabelecimento, mas que continua ainda maior no seu interior; e, por último, a fila dupla, formada pelas mães motorizadas que vão esperar os filhos na frente dos colégios. Muito concorridas, as filas duplas são conhecidas também como multiplicadoras, haja vista a sua proliferação nos arredores.

Existem muitas pessoas que são avessas à fila. Vai daí surgiu uma nova profissão: o guardador de fila. Logo se vê que é preciso desembolsar um dinheirinho para se dar ao luxo de evitá-la. Já os menos abastados que se mantêm inapelavelmente em fileira, inutilizando parte dos dias úteis, têm que ficar atentos ao famigerado furador de fila. Contra esse, uma sugestão: que tal, junto de cada fila, um cão de guarda, de preferência o brasileiríssimo cão fila?

Mas, verdade seja dita, há aqueles que apreciam fila, ou, pelo menos, têm a pachorra de aturá-la sem nenhuma queixa. E digo isto com conhecimento de causa. Visitando uma exposição de utilidades domésticas, no salão do Anhembi, observei algo curioso. As pessoas deixavam de circular, perdendo a chance de conhecer as novidades, pelo fato de permanecerem enfileiradas: preenchiam cupons e aguardavam o sorteio de brindes.

Sem falar nas filas gigantescas formadas pelos interessados em provar as guloseimas.

Nessa especialidade, presume-se que algodão-doce seja um ótimo chamariz para as crianças. Puro engano. Observei na “quilométrica” fila nada menos que cinco adultos para cada criança. E como vivo observando, observando, posso garantir que houve quem ficasse pouco mais de uma hora na fila, até botar as mãos (ou a boca) no açucarado algodão.

Quanto a mim, tive mais sorte. Em apenas cinquenta minutos, consegui abocanhar um desse tamanho!

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Dorival Coutinho da Silva
Enviado por Dorival Coutinho da Silva em 15/11/2008
Reeditado em 18/05/2009
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