O que escrever afinal?

Tentar tampar o sol com a peneira é uma prática antiga, mas que não se deve empreender. Por essa razão, um pouco abatido, venho confessar aos meus ilustres leitores que, devido ao avanço do Mal de Parkinson, doença degenerativa, percebo e, naturalmente, os senhores também, que a qualidade dos meus trabalhos escritos declinou quase que vertiginosamente. Apesar da grande prática, do dom e da aptidão de escrever, encontro dificuldades para concentração e, principalmente, na inspiração. Palavras não muito corriqueiras, como; loas, onírica, onisciente, ignóbil, apodo, inócuas, etc..., que enriquecem e dão um toque de elegância ao texto, somente são lembradas, quando consultado o Aurélio, pois estão desaparecendo de meu dicionário mental.

Bastante apreensivo, procuro recursos nas diversas fontes de leitura, sem que obtenha êxito, pois, logo após, constato a ausência de assimilação, colocando-me em processo de desânimo e de baixa auto-estima.

Lutando como um leão, sem me entregar, apelo para outras saídas. Então, consulto os compêndios de diversos e competentes escritores , na expectativa de encontrar uma perspectiva alvissareira que me inspire e retorne a escrever com desenvoltura. Mas, embora me façam chegar ao devaneio, retorno à estaca zero.

Como consolo, resta-me a inabalável fé dispensada ao todo Poderoso que, por certo, ajudar-me-á a reverter esse quadro, para mim um momento dificílimo. No que se refere à condição de ser mal interpretado por alguns leitores exigentes, fico sempre na expectativa de sua compreensão, o que muito me alenta.

O que escrever afinal? Só DEUS sabe!

Demarcy de Freitas Lobato (Em memória)
Enviado por Demarcy de Freitas Lobato (Em memória) em 16/11/2008
Reeditado em 16/11/2008
Código do texto: T1286352
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