A Festa das Manifestações Divinas

A experiência nos faz crer que, geralmente, o homem manifesta a sua rebeldia em dois períodos de sua vida: um, dos quatorze aos vinte e dois anos, e o outro que inicia aos cinqüenta e seis. Dos 22 aos 56 é o período de acomodação e resignação social.

Na juventude, expressamos nossa rebeldia, mobilizados por um excesso de energia e emoções e pelo pensamento de que não temos nada a perder. Na terceira idade expressamo-la guiados por nossa consciência e pela certeza de que só temos a ganhar.

Afloram lembranças dos nossos dezessete, quando realizávamos “debates de botequim” e expressávamos nossa indignação com um mundo dividido por fronteiras, idiomas e dialetos diversos, utilizando várias moedas e muito injusto. Palco de extrema violência, onde fortes aniquilam fracos, não por sobrevivência, mas pela louca necessidade de expansão e dominação.

Durante o período de acomodação e resignação social, julgamos aquelas opiniões sonhos da adolescência e da juventude. Agora, reconhecemos como intuições reveladoras de nós, homens limitados e inacabados.

É dezembro. Os pinheiros, as bolas coloridas e os sonhos de muitos se assanham, porque é Natal.

Motivados por nossa consciência, manifestamos nosso inconformismo por não podermos realizar, em lugar deste Natal limitado, um outro, em que todos festejassem não só a encarnação de Jesus de Nazaré, mas todas as encarnações da Divindade, inclusive aquelas que, ainda, irão ocorrer.

O Natal seria o dia escolhido para que todos celebrassem o Mistério: a Divindade abandona a liberdade de Sua Luz para acorrentar-se às trevas da matéria. Celebraríamos, ainda, o privilégio de termos, por meio do convívio com os iluminados ou pelo aprendizado de suas mensagens, a possibilidade de reconhecermos mais um trecho do caminho de retorno à Casa do Pai.

No dia de Natal festejaríamos, não só Jesus de Nazaré, mas Krishna, Buda, Maomé, Moisés, Platão, enfim, todas as encarnações divinas reconhecidas por algum grupo social. Grupo de homens que, naquele momento da história dos deuses e homens, se encontrava no ponto do planeta onde um coral de astros rasgando o infinito revelava, por meio se uma Estrela-Guia, mais uma Encarnação Divina.

Natal não seria única e exclusivamente a festa dos cristãos e de 2.000 anos de história, mas de todos os homens e de toda a história.

Celebraríamos não só as encarnações, mas todas as manifestações divinas. Os homens teriam a sua grande festa universal: “Manifestações Divinas".

Festejaríamos a brisa, o brotar das nascentes, o pulsar dos frutos nas sementes, o desabrochar das flores, o amadurecer dos frutos, a harmonia do universo, o sacrifício das encarnações e o clamor das centelhas divinas de o nosso interior.

Centelhas que intuem o amor aos homens, para que possam realizar o retorno à Casa Paterna.

Celebremos, porque é Natal" é nosso esforço para festejar com rimas o mistério da humanidade Divina e da Divindade dos homens estarem refletidas nas encarnações.

Comemora com rimas a maior comunicação de Deus com os homens - as encarnações divinas , bem como todas as outras manifestações divinas do nosso cotidiano.

Celebremos porque é Natal

Coral de astros rasga o infinito

e revela a Estrela-guia do caminho.

É luz em guizos que declama o Mistério:

“o humano de Deus no Divino do Menino".

Vagas de luz banhando as trevas

e o brilho rubro-verde de energias

transformam a Terra numa guirlanda ,

para a Festa das Manifestações Divinas:

o mistério do crepúsculo;

a pureza da nascente;

a bondade num fruto maduro;

a leveza do beijo na flor;

o pulsar do fruto na semente;

a esperança, a paz e o amor.

Krishna, Buda, Maomé;

o sacrifício das encarnações;

São Germano, Jesus de Nazaré;

Hermés, Orfeu, El Morya;

a festa de todos os homens;

o Eco Sagrado de toda a história.

o lamento da Luz na cela das trevas;

a dor do espírito, quando na matéria cai;

a súplica das chispas divinas,

para voltarem à Casa do Pai.

Porque é Natal, celebremos.

Porque é Natal, celebremos.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 18/11/2008
Reeditado em 28/06/2021
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