Geração Coca-Cola

Estes dias, em uma das minhas idas pra minha cidade - pra quem não sabe eu nasci em Santa Cruz - durante uma daquelas conversas com a minha irmã mais velha, começamos a lembrar do tempo de infância. Mais especificamente das brincadeiras daquela época.

Quem, como eu, foi criança nas décadas de 70 ou 80, deve se lembrar da infância privilegiada que tivemos. A geração que seria batizada pelo saudoso Renato Russo como Geração Coca-Cola, nos anos 80.

Me lembro bem, que na minha época as crianças eram mais crianças.

Elas brincavam mais, quero dizer, se movimentavam mais, corriam, pulavam, subiam em árvores, viravam cambalhota, estrelinha, pulavam elástico.

Não tínhamos este medo absurdo pelo qual as crianças são envolvidas nos dias atuais.

Brincávamos no meio da rua até cansar, ou até anoitecer e os pais chamarem para tomar banho e jantar.

Não havia esta violência horrenda e medonha, que cerca as pobres crianças de hoje, e as faz trancafiarem-se em suas casas, tirando-lhes o direito mais bonito e sagrado que é o direito à infância, o direito à brincar na rua, correr, sem medo de que alguém vá roubar o seu tênis importado ou o seu boné, e com isso muitas vezes levar "de brinde" a sua vida junto.

A gente andava de bicicleta, fazia mais esporte, jogava vôlei no meio da rua e os carros que por ali passavam diminuiam a velocidade, para evitar qualquer tipo de acidente.

Comíamos doces e bebíamos refrigerante sem se preocupar com a saúde, pois tínhamos de sobra.

Não comíamos tanto enlatado e macarrão instantâneo.

Éramos muito mais ativos.

As crianças de hoje passam sentadas na frente de um computador ou videogame.

Nós passávamos na frente dos amigos! E como tínhamos amigos.

Ás vezes saltava um amigo novo, não sei daonde, mas era sempre bem-vindo.

Também havia tecnologia. Jogávamos Atary.

Mas a rua era sedutora demais para ficarmos muito tempo jogando.

As brincadeiras eram mais inocentes.

Esconde-esconde e cabra-cega eram algumas delas. E como eram boas essas brincadeiras!

E principalmente, tínhamos uma coisa, que as crianças de hoje nunca chegaram a experimentar, a liberdade.

Nos sentíamos seguros! Deixávamos as portas abertas das casas para entrar e sair.

Já imaginou isso hoje?

É praticamente impossível.

Pobres crianças dos anos 2000.

Elas não sabem o que perderam.