ANOS RIDÍCULOS

Esta semana estava almoçando com o Thiago, um amigo muito querido.Entre as diversas bobagens que comumente falamos surgiu um assunto que depois ficou, por vários dias, passeando no meu pensamento. Não é nada relacionado a alta da taxa de juros, nem sobre o fim do socialismo no Leste Europeu. Definitivamente não é um desses assuntos que a gente adora opinar sem saber absolutamente nada. O caso dessa vez é grave, pode acreditar. Lá vai a bomba!!

Lembro-me que o Thiago estava no meio de uma daquelas lamentações intermináveis, do tipo: ninguém-dá-valor-aos-meus-sentimentos, eu-sou-tão-bonzinho-e-não-sei-porque-sou-infeliz, por-que-eu-sempre-me-relaciono-com-o-mesmo-tipo-de-pessoa, e por aí vai. No começo da sessão, "tem dó de mim", eu balançava a cabeça firmemente dizendo que sim. Mostrava o meu total apoio e completava dizendo pausadamente: Comigo é a mesma coisa.

Logo pulamos pra segunda parte, a sessão "Comigo é bem pior",esta é a hora do debate. Cada um conta o que de pior lhe aconteceu e ganha quem tiver sofrido mais tragédias amorosas. Geralmente acaba em um empate, porque ninguém admite que o outro tenha sofrido mais. E finalmente chegamos a sessão, "Desta vez eu me mato", essa é a hora que a gente começa a dá murro na mesa, querer bater a cabeça na parede(só querer mesmo), ameaça pegar a faca na cozinha( às vezes a gente pega aquela faquinha de serra), mas logo, loguinho os ânimos se acalmam. E enfim, ligamos o som na música "Vai" da Ana Carolina, pode ser também "Digitais", da Isabella Taviani. E chegamos ao grand finale com a aquelas frases inéditas: "Nunca mais eu vou amar ninguém nessa vida", "Sabe de uma coisa? Vou mudar pro Japão". Ou pra outros gostos pode ser "Agora eu tô solteira e ninguém vai me segurar", " Eu vô pro baili di di sainha".

Depois do nosso show concluidíssimo o Thiago sugeriu que saíssemos para tomar um sorvete, acabamos tomando umas cervejas. E no bar eu tive uma crise de riso ao lembrar que todos, todos, todos os meus amigos de 20 e poucos anos estão passando pelas mesmas "sessões", uns com mais freqüência, outros menos, mas todos tão ridículos quanto a gente.Então surgiu a idéia de escrever um livro chamado "Anos ridículos", no qual contaremos a caretice que é nossa vida adulta.

Sintia Lira
Enviado por Sintia Lira em 28/11/2008
Reeditado em 09/02/2010
Código do texto: T1308411
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