QUEM SOU EU?

Ao ler Pedro Nava, em Baú dos Ossos, encontrei um escrito sobre as interferências dos seus antepassados sobre seus atos, coisa que faço agora inspirado nessa reflexão, "Quem sou Eu?"

O primeiro antepassado da linhagem do meu pai chegou ao Brasil em 1819, sou a 6ª geração de Conrad Sandwich (fictício), um suíço francês, é mole? Mas quanto deste sangue europeu eu tenho? É fácil, vamos ver:

Tenho a metade do sangue do meu pai e metade de minha mãe (5ª), 1/4 de cada avós(4ª), 1/8 dos bisavós...(3ª), 1/16 (2ª)..1/32(1ª), 1/64 de Conrad Sandwich, se não houve erro, tenho esta parcela de Conrad no meu sangue, como ele não deve ter sido o 1º Sandwich, logo esta parcela tende a zero. Tende a zero, mas não é zero, junto com outras infinitesimais parcelas de milhares de ancestrais, este sou eu?

Quais as influências eles têm nos meus atos? Quando pretendo dar um calote no Imposto de Renda, será que é o Tiradentes que faz parte da genealogia da minha mãe que está preponderando? Ou quando pretendo dar uma "facada nas costas" de algum amigo será uma ligação com Silvério dos Reis escondido em alguma forquilha da minha árvore genealógica? Nunca vi alguém falando: Sou da linhagem de Silvério dos Reis...Mas, nas regressões feitas em consultórios de psicologia, sempre aparecem na vida das pessoas, heróis, Reis, Rainhas, mas bandidos, piratas, assassinos, estupradores, gigolôs não aparecem. Será que não se reproduzem? Com certeza foram podados das árvores genealógicas que com orgulho apresentamos aos amigos.

Quando um adolescente, - saio da primeira pessoa agora para não criar problema em casa - vira a cabeça acompanhando o gingado de uma bela mulata, quem está no comando? Um ancestral açoriano? Ou um africano mesmo? Talvez, não tão longe nas gerações pode ser o pai, o tio, pois sabemos dos bons atos destes, mas os segredos de alcova ficam lá na alcova.

Quem seria eu sem os freios sociais, da religião, da ética, da educação, da cultura?

Oh! Meu Deus! Por que a minha mulher não me entende? Quando não levanto a tampa do vaso? É o meu trisavô índio, que nem banheiro tinha, quando não quero trabalhar é o meu ancestral brasileiro, que tinha tudo na mão sem esforço, quando viro a cabeça acompanhando o gingado daquela guria simpática são todos os meus ancestrais masculinos, não sou eu.

Oh! Meu Deus! Por que não faz aflorar os bons ancestrais da minha esposa, os da compreensão, o sangue de uma gueixa nipônica ou de uma índia brasileira, que faz todo o serviço enquanto o índio vai pescar e dormir na rede. E, amenize a má influência espanhola de sangue explosivo, ou da alemã famosa por mandar no marido?

Defranco
Enviado por Defranco em 29/11/2008
Reeditado em 03/03/2016
Código do texto: T1308952
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