PUTARIA NA SELVA DOS BELOS

As programações da TV estão cada vez mais desestimulantes. Um lugar onde você já acorda com Ana Maria Braga, depois do almoço me vem André Marques e Angélica, sessão da tarde com a Lagoa Azul, malhação, e um monte de novelas onde tudo tem final feliz... Isso porque falei só da TV globo, logo, é a mais assistida. Porque se eu for falar da programação da rede TV, bandeirantes com aquela voz enjoada de Neto ex-corinthians, nem sobrenome ele tem, SBT onde hoje a estrela é uma menininha chamada maíza... Pior, pra quê se comprar uma TV a cabo com 90 e poucos canais, se você tem tempo apenas de assistir o domingão do Faustão?... E diziam que na ditadura militar existia tortura! Ora, quer maior tortura que ta escutando: “ô louco meu”? Eu prefiro que joguem um punhado de sal nos meus olhos!

Gabriel o pensador estava certo quando escreveu: “a programação existe pra manter você na frente da TV / que é pra te entreter / que é pra você não ver / que o programado é você [...]

E pra completar a mediocridade total, a onda do momento é um tal de concurso chamado: “a musa do brasileirão”... Concurso de beleza foi a coisa mais ordinária já criada pela mídia. Como podemos eleger uma miss universo se o universo não vota? Uma gama de pessoinhas resolve escolher quem na concepção deles é mais bonita, e quem acaba levando o prêmio é sempre uma japonesa com olhinhos puxados e bochechas rosadas. Uma daquelas, nem que fosse num cabaré e ela me pagasse, eu não a comeria.

Concordo com o subjetivismo estético de Hume e Kant, mas só quando está dentro do objetivismo estético de Monroe Beardsley... Trocando em miúdos: tudo que é belo, já é belo em si mesmo. Não depende do gosto de cada um. Mas quando já se é belo, e se tem vários belos para escolher, aí sim, podemos ser subjetivos e escolher e achar uma coisa mais bela sobre aquilo que já é belo...

Porque então, em concursos de beleza tendem a escolher dentre o belo, aquilo que é mais feio?

Mas também não posse negar a força do subjetivismo estético onde só é belo aquilo que acreditamos ser belo como gostamos, o que é belo pra um, pode não ser belo para outro...

A fórmula é: subjetivismo geral = a objetivismo determinado = subjetivismo particular. Huhum... No Brasil o belo é bunda e dentre todas as bundas a bunda mais bela! Big beijo Juliana Paes!

...a beleza é um conceito formado sobre padrões comportamentais objetivos de um determinado ambiente. Viu como fui formal, então pra deixar de frescura... Olha só, Gisele Bündchen quando chegou numa tribo indígena e disseram aos índios que ela era a mulher mais bela do mundo, eles retrucaram e disseram que nunca haviam visto coisa mais feia na frente deles.

O que é belo já é belo e pronto... Mas depende dos ambientes: porque um macaco não vai achar um humano bonito, nem um humano vai achar um macaco bonito. Obviamente, não pode haver subjetivismo particular fora do objetivismo, nem objetivismo fora do subjetivismo geral.

Ora, em concurso de beleza de macaco, o ganhador é um macaco. Para os macacos é bonito coçar o rabo sem vergonha... Para os humanos é bonito ter vergonha de coçar o rabo.

O belo já é belo em si, mas no seu determinado conceito e padrão de beleza!

Cachorro cruza com cachorra, coelho cruza com coelha, “abelho” come abelha, beija-flor como a flor... Jumento come jumenta, mas tem uns homens sem vergonhas que acabam comendo umas cabritinhas...

...Béééé... Béééé!

Uga, uga... Macaco é bonito pra macaco, gente é bonito pra gente. Dentre os índios, o índio belo já é belo e nada mais. Dentre a gente, tem gente bela e nada mais!

Só dentre o que já é belo, pode se escolher o que é mais belo! Mas nem tudo é belo em todo canto...

Um branco não tem o direito de achar um negro feio, um negro não tem o direito de ver no branco o horrível.

Todo canto tem seu padrão de beleza. E no meio do que já é belo, o mais belo se pode achar. O feio pode vir a ser belo, o belo pode vir a ser feio. Mas o feio nunca pode ser belo, o belo nunca pode ser feio.

...Os conceitos são as formas cagadas com espirro de duendes. Não entendeu nada não é?Ah, os conceitos são padrões conformes a cultura. Tão simples “né”?

Na África o belo é negro, na Europa o belo é branco, no Brasil o belo é bumbum e nos States o belo são tetas! Portanto, em concurso de bumbum peitinho é só pra mamar!

Como dizia meu caro poeta potiguar Henrique Diógenis:

Ser belo é contentar-se com as formas! /A beleza é o cortejo dos deuses do inferno... / É a mais corrupta de todas As obras... / É o valor mais medíocre entre os homens; / a zombaria da humanidade!

Ou seja, no caldeirão da tribo, Gisele Bündchen é uma lata velha.

Manel Clélio (Kekel)
Enviado por Manel Clélio (Kekel) em 29/11/2008
Reeditado em 30/11/2008
Código do texto: T1309979
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